2009-10-19

Não faço ideia de quanto ganhará por mês o sr. Francisco Van Zeller, presidente da CIP. Mas suponho que ganhará um pouco mais de 450 euros (pelo menos o fato com que apareceu ontem na RR deverá ter custado o dobro disso). E suponho isso porque o sr. Van Zeller quer agora voltar atrás com o que acordou na Concertação Social e impedir que o salário mínimo nacional aumente, como previsto, 25 euros este ano.

Argumenta o patrão dos patrões que a inflação não subiu e, assim sendo, quem recebe salário mínimo… ganhou, o que é um escândalo. Os patrões estão muito tristes por a inflação não ter, como de costume, subido, rapando os salários, valorizando-lhes os "stocks", diminuindo-lhes o que pagam em juros e rendas e multiplicando-lhes os lucros. E pretendem ser "indemnizados" pelos trabalhadores pelo facto de todos aqueles que mandaram para o desemprego terem deixado de consumir-lhes o que produzem. É um bom e sólido argumento. Quanto menos o sr. Van Zeller pagar a quem trabalha, maiores serão os seus lucros e, logo, mais próspero será o país do sr. Van Zeller. O país dos outros? Esse não é problema seu.


O texto é de Manuel António Pina, e está no JN

2 comentários:

HL disse...

Que empresas são essas que não suportam o aumento mensal de 25 euros por trabalhador? Algumas pessoas já o têm perguntado e muito bem.

Que empresas são estas que com lucros astronómicos mesmo em tempo de crise querem congelar os salários dos trabalhadores, usando como argumento a suposta deflação?

Se dependesse de gente como esse sr van, a miséria seria ainda mais extrema em Portugal, sim porque já temos um milhão de portugueses a viver em pobreza extrema, e mais um milhão e oitocentos mil em vias de lá chegar, mas esse sr van possivelmente acha que esses "malandros" ganham demais e ainda vivem bem

Nelson Ricardo disse...

O senhor Van Zeller, se vivesse o quotidiano da maioria dos portugueses, até vergonha tinha do que acabou de dizer.

Mas como vivemos no país em que os 10% mais ricos controlam quase 30% da riqueza, não surpreende.

Abril deitou abaixo o homem na cadeira, pena ter-se esquecido da corte que o rodeava.

Abraço.