Não vou discutir a justiça do acto de se atribuir um nome de uma via da nossa Vila a António Coelho. Pelo que ouvi várias vezes com aqueles que com ele privaram mais de perto durante um período (ainda hoje) bastante significativo da história banheirense, todos recordam em António Coelho o papel preponderante no despertar político e na mobilização de muitos jovens banheirenses que frequentaram os cursos liceais do Ginásio, ou seja, na formação de uma geração que após o 25 de Abril viria a tomar a seu cargo os destinos desta Vila, tanto no associativismo fervilhante de então, como ao nível autárquico.
Parece-me feliz a escolha do Largo João de Deus, também pela confluência da Rua 25 de Abril com a Rua 1º de Maio, duas datas que decerto seriam caras a António Coelho, mas sobretudo porque este lugar se encontrar bem perto da casa onde António Coelho viveu.
Expostas estas linhas, não posso deixar em branco a necessidade desta terra reconhecer também o esforço de alguns daqueles que nunca deixaram de dar a cara à luta. Por exemplo, foi com muito prazer que soube que a Junta de Freguesia atribuiu o nome de João José da Silva ao Núcleo Museológico recentemente inaugurado. Menos pelo papel principal que este desempenhou na sua criação, mas especialmente porque o João José esteve sempre presente. Estava presente quando a mobilização era arriscada, estava presente enquanto foi fácil e depois disso. Ainda hoje o João José está presente.
Não querendo continuar a desfilar uma série de nomes, não posso deixar de referir também o nome de João Mouzinho, um dos homens que deu a cara pela candidatura de Arlindo Vicente, e que depois da desistência deste, se entregou à candidatura do General Humberto Delgado às eleições presidenciais, ou mais tarde na dinamização da CDE na Baixa da Banheira. Pelo seu papel no seio do núcleo dos Amigos da Baixa da Banheira, que reivindicaram para a nossa terra as melhorias essenciais para o bem-estar dos seus habitantes, como água, electricidade ou esgotos, mas que também foram dos primeiros a levantar a voz bem alto para a necessidade de aqui se implantarem equipamentos culturais pois, como alguém já disse, não é só de pão que o corpo se alimenta. João Mouzinho foi um dos principais dinamizadores da construção de uma Casa da Cultura na Baixa da Banheira, e se há coisa que guardo na memória são as palavras que me dirigiu em tom de desabafo perante o meu entusiasmo quando na Junta de Freguesia foi apresentada uma maqueta para um edifício que, então já adivinhava, nunca chegaria a ser construído. E, voltando um pouco ao início desta prosa, foi um dos fundadores da Escola Liceal do Ginásio.