2008-09-26

Num passado já distante de 3 décadas, e em condições completamente díspares das actuais, a Baixa da Banheira viu aparecer o Parque Estrela Vermelha como um lugar que fez respirar uma nova área. Aquele espaço defronte da Escola Primária nº2, e onde conviviam as crianças que por ali moravam, brincando nos seus tempos livres entre os baloiços e um diminuto campo de futebol pelado onde muitos deram os seu primeiros pontapés na bola, e onde existia também uma biblioteca pública instalada num antigo eléctrico da Carris alterado para o efeito, fizeram com que se encerrasse ao trânsito automóvel um troço entre a Rua Parque Estrela Vermelha e Rua 5 de Outubro. O percurso encerrado, envolvente à escola, incluía o seu portão, melhorando significativamente a qualidade e a segurança do espaço público.

Anos mais tarde, o Parque José Afonso reconverte toda uma zona degradada junto à margem do Tejo, entregando à população banheirense, e não só, um espaço único de fruição, de convívio e de desporto, numa longa frente de rio, criando um novo ecossistema urbano, sendo hoje um postal por excelência da Baixa da Banheira.

A Rua 1º de Maio, antiga zona central de comércio e de convívio banheirense, entrou há alguns anos num ciclo de declínio. Os motivos serão certamente vários, mas alguns encontram-se entre a brutal desindustrialização que varreu os pólos empresariais que durante décadas favoreceram o crescimento banheirense, empurrando, uns para empregos mais distantes, outros para o desemprego, e muitos ainda para reformas de miséria. Novas ofertas, não só em grandes superfícies comerciais (e atenção porque aqui ao lado, no centro do Barreiro, está a nascer mais uma), ou ainda a deslocalização do centro de convívio local para o Parque Zeca Afonso, poderão ser também outros dos factores que conduziram a que algum comércio passe por dificuldades. No entanto, o aumento do tráfego automóvel é um dos factores que comprovadamente afasta as pessoas dos centros urbanos, e com o aumento do número de automóveis na via pública, a antiga Rua 13 converteu-se num eixo de atravessamento da vila.

As obras que decorrem actualmente na Linha do Sado, e que fomentaram o encerramento das cancelas, forneceram à Baixa da Banheira mais um pretexto para reverter este processo.

Para este efeito, estou convencido de que o encerramento permanente ao tráfego automóvel de uma zona significativa da Rua 1º de Maio será uma ferramenta importante, mas que a qualidade e o tipo de intervenção serão fundamentais para o êxito desta operação. Um espaço agradável, com um sistema de iluminação pública eficiente, bem integrado, com equipamentos que promovam o encontro dos banheirenses, (re)criando uma cultura de espaço público que possa dar alguma resposta a necessidades de sociabilização, motivará uma zona comercial porventura com características diferentes daquelas que até há pouco conhecemos, porque longe vão os tempos em que estabelecimentos como “Os Pereiras” arrastavam clientes das freguesias limítrofes, poderão ser a chave mestra para inverter uma tendência.

Imagine o leitor o prazer que poderá desfrutar ao passar alguns minutos de conversa com um amigo com quem já não se cruza há algum tempo, apesar de continua morar no mesmo sítio de sempre, ali mesmo ao seu lado, e que durante este tempo a vossa conversa não é interrompida por carros que aceleram rua acima, ou que se sentam tranquilamente numa esplanada, enquanto os vossos filhos brincam em segurança. É uma ideia agradável, não é?

Agora importa juntar a população, os comerciantes, as autoridades locais e discutir, para tentar chegar a uma conclusão, que podendo não ser unânime, seja pelo menos do agrado de uma larga maioria.

1 comentário:

Anónimo disse...

O electrico que foi posto no Parque e cuja manutenção e guarda devia ser da competencia da Câmara Municipal que, como é obvio, porque era na Baixa da Banheira deixou que se degradasse sem nada fazer para alterar a situação. Aliás não é caso único, o Monumento á Emigração foi vandalizado e até hoje nada se sabe sobre o local onde se encontra e o que se vai fazer.Para a história é conveniente saber-se que a ideia da aquisição do electrico foi do velho Antonio Presumido e o Monumento tambem não foi idealizado por nenhum autarca. A HISTORIA REPETE-SE!