2008-02-28

Não vou discutir a justiça do acto de se atribuir um nome de uma via da nossa Vila a António Coelho. Pelo que ouvi várias vezes com aqueles que com ele privaram mais de perto durante um período (ainda hoje) bastante significativo da história banheirense, todos recordam em António Coelho o papel preponderante no despertar político e na mobilização de muitos jovens banheirenses que frequentaram os cursos liceais do Ginásio, ou seja, na formação de uma geração que após o 25 de Abril viria a tomar a seu cargo os destinos desta Vila, tanto no associativismo fervilhante de então, como ao nível autárquico.

Parece-me feliz a escolha do Largo João de Deus, também pela confluência da Rua 25 de Abril com a Rua 1º de Maio, duas datas que decerto seriam caras a António Coelho, mas sobretudo porque este lugar se encontrar bem perto da casa onde António Coelho viveu.

Expostas estas linhas, não posso deixar em branco a necessidade desta terra reconhecer também o esforço de alguns daqueles que nunca deixaram de dar a cara à luta. Por exemplo, foi com muito prazer que soube que a Junta de Freguesia atribuiu o nome de João José da Silva ao Núcleo Museológico recentemente inaugurado. Menos pelo papel principal que este desempenhou na sua criação, mas especialmente porque o João José esteve sempre presente. Estava presente quando a mobilização era arriscada, estava presente enquanto foi fácil e depois disso. Ainda hoje o João José está presente.

Não querendo continuar a desfilar uma série de nomes, não posso deixar de referir também o nome de João Mouzinho, um dos homens que deu a cara pela candidatura de Arlindo Vicente, e que depois da desistência deste, se entregou à candidatura do General Humberto Delgado às eleições presidenciais, ou mais tarde na dinamização da CDE na Baixa da Banheira. Pelo seu papel no seio do núcleo dos Amigos da Baixa da Banheira, que reivindicaram para a nossa terra as melhorias essenciais para o bem-estar dos seus habitantes, como água, electricidade ou esgotos, mas que também foram dos primeiros a levantar a voz bem alto para a necessidade de aqui se implantarem equipamentos culturais pois, como alguém já disse, não é só de pão que o corpo se alimenta. João Mouzinho foi um dos principais dinamizadores da construção de uma Casa da Cultura na Baixa da Banheira, e se há coisa que guardo na memória são as palavras que me dirigiu em tom de desabafo perante o meu entusiasmo quando na Junta de Freguesia foi apresentada uma maqueta para um edifício que, então já adivinhava, nunca chegaria a ser construído. E, voltando um pouco ao início desta prosa, foi um dos fundadores da Escola Liceal do Ginásio.

2008-02-27

Ex.ma sra.governadora civil

Por outras, palavras, Manuel, António, Pina

O acima assinado, cidadão português e cronista, vem, muito respeitosamente, expor e requerer a V. Ex.ª o seguinte:

1 - Tendo o signatário tido conhecimento de que a PSP identificou três professores que, convocados por sms, se reuniram no sábado na Avenida dos Aliados para, supõe-se, não dizer bem das políticas educativas do Ministério da Educação;

2 - Mais tendo sabido que, entre as centenas de presentes, a PSP decidiu identificar (já que tinha que identificar alguém e não levara consigo bolinhas numeradas para proceder a um sorteio) três pessoas que falaram às TV's;

3 - E tendo sabido ainda que tal identificação (e tudo o que se lhe seguirá) se deveu ao facto de as pessoas em causa não terem, em devido tempo, informado V. Ex.ª de que pretendiam ir nessa tarde à Avenida dos Aliados;

4 - Tendo, por fim, conhecimento de que, pelo mesmo motivo, um sindicalista foi recentemente condenado em Oeiras; vem o signatário solicitar autorização de V. Ex.ª para, logo à noite, se reunir com alguns amigos no Café Convívio, sito na Rua Arquitecto Marques da Silva, nº 303, no Porto, a fim de discorrerem todos ociosamente sobre assuntos diversos, entre os quais provavelmente não dizer bem das políticas educativas do Ministério da Educação.

Pede deferimento.

Manuel António Pina

2008-02-26

Entrevista a João Corte-Real
Cheias de 18 de Fevereiro de 2008- por Rui G. Moura

Após uma prolongada aglutinação anticiclónica (AA) que durou grande parte do início do ano de 2008, veio uma chuvada que provocou cheias no dia 18 de Fevereiro de 2008. O Instituto de Meteorologia (IM) chama-lhe «Precipitação forte em Portugal».

Mas as regiões do País mais afectadas foram as de Lisboa e de Setúbal. Segundo o IM bateram-se recordes de precipitação que recuavam a 1864. O anterior recorde era de 110 mm e passou para 118 mm de precipitação (não é claro qual foi o intervalo de tempo).

O IM refere uma depressão que caminhou do Oeste da Madeira para Nordeste. É pena não se indicar o valor da depressão. Deve ter sido bem cavada.

Mas ficou por explicar como se passou de uma situação de estabilidade anticiclónica para uma de depressão tão cavada.

O fenómeno é semelhante ao que acontece quando termina uma onda de calor mais ou menos prolongada provocada por pressões atmosféricas elevadas das aglutinações anticiclónicas (AA).

As AA fortes e persistentes não permitem a entrada de ar fresco oriundo do Oceano Atlântico. O ar dos recentes Anticiclones Móveis Polares (AMP) vai-se aglutinando de acordo com as respectivas menores densidades relativas.

Mas, aparecendo um ou mais AMP intensos, com densidades de ar mais elevadas, a AA rompe-se e deixa-os passar. Com eles são arrastadas as depressões que os contornam e se formam nas suas partes laterais.

Se os AMP são suficientemente fortes (quanto mais fortes forem as pressões anticiclónicas mais cavadas são as depressões) atravessam rapidamente as antigas AA. Então, as depressões D escapam-se do corpo principal do AMP. Tal acontece no Inverno.

Deste modo, as precipitações provocadas por depressões cavadas dão origem a cheias rápidas como lhes chamam os especialistas na matéria.

Foi o que aconteceu no dia 18 de Fevereiro de 2008. Os AMP desceram até à Península Ibérica por não serem capazes de romper o núcleo centrado a Norte sobre a Grã-Bretanha.

Passada esta fase de rompimento da anterior AA, formou-se nova AA. Daí que as eólicas tenham novamente quase parado de rodar (Vide REN do dia 20 de Fevereiro de 2008).

Desta vez foi o Diário de Notícias que se destacou a desinformar a opinião pública acerca da cheia de 18 de Fevereiro. Lê-se neste jornal, na notícia intitulada “Temporais vão ser mais frequentes”, o seguinte parágrafo:

«Com o aquecimento global esta situação tem tendência a aumentar e a piorar reforça ainda Francisco Ferreira, dirigente da Quercus, associação ambientalista».

Já lá vai o tempo em que os professores nunca falavam em público – a começar perante os alunos – de assuntos que não conhecessem aprofundadamente.

Não há nenhuma explicação plausível para que num cenário de aquecimento global surjam mais episódios de cheias. Antes pelo contrário. Não é no Verão que surgem cheias frequentes. Nem é no deserto do Saará que chove mais, apesar do aquecimento que por lá se observa.

A grande cheia de 1967 da região de Lisboa – quando se registaram 700 mortes – verificou-se durante um período de dezassete anos, de 1960 a 1976, em que se registou uma descida pronunciada de temperaturas (Vide Fig. 3).

Nessa altura o alarmismo era sobre «arrefecimento global». A catástrofe então anunciada seria a da entrada numa nova idade do gelo. Alguns dos alarmistas do frio dessa época são os mesmos que falam agora do calor. Tudo serve para amedrontar as populações.

E em 1946, quando as emissões de dióxido de carbono eram muito inferiores às actuais, também já se verificavam cheias em Lisboa, como pode ser visto numa foto (Fig. 105) enviada pelo colega Medina Ribeiro, autor do blogue Sorumbático.

Os grandes bancos nacionais ganharam 8,7 milhões de euros por dia, no primeiro trimestre deste ano, mais 21% que em cada dia do mesmo trimestre de 2006, e como dizia o outro, "isto anda tudo ligado".

2008-02-25


Uma em cada cinco crianças portuguesas encontra-se em risco de pobreza, e não é meramente uma questão de conjectura temporal, o que só por si já seria grave. É estrutural. Não é só o aumento do desemprego a causa da pobreza mas a quebra do poder de compra que faz com que as crianças atingidas sejam tanto aquelas "crianças que vivem com adultos desempregados como as que vivem em casas onde não há desemprego". O nosso país, e ainda segundo o mesmo relatório, é "um dos países da UE com mais fraca assistência social".

Infelizmente, nada de novo neste País. Apenas mais uma nota como outrasaqui deixadas.

Ilustração de Paulo Galindro.

2008-02-23

Para estudar um pouco.
Carta Aberta ao 1º Ministro José Sócrates

A Freguesia de Vale da Amoreira desenvolveu-se de uma forma articulada e sustentada no período que decorreu entre 1996 e 2005, fruto do trabalho das Autarquias que lançaram a Operação de Revitalização Urbana da Vila da Baixa da Banheira. Para este projecto foi aprovado cerca de 30 milhões de euros que iriam suportar financeiramente todo o projecto. Efectivamente o financiamento foi de apenas 11 milhões de euros, por inteira responsabilidade do governo, dos quais foram suportados pela Câmara Municipal da Moita em 43% pelo que alguns dos projectos estruturantes não foram feitos, como a requalificação da Avenida 1º de Maio, arranjos exteriores nos Bairros das Descobertas e do Fundo Fomento, a construção do Centro Comunitário e a construção do Pavilhão Gimnodesportivo da Escola Secundária (promessa feita há 20 anos pelo então 1º Ministro Cavaco Silva), projectos que na sua maioria são da responsabilidade do governo e que os sucessivos elencos governativos do PS e PSD, com ou sem CDS-PP, não realizaram. Perante este quadro, é do conhecimento geral que o trabalho efectuado até 2005 pelas autarquias foi muito positivo. Em 2005 o Governo PS aprovou a Iniciativa Operações de Qualificação e Reinserção Urbana de Bairros Críticos e até hoje, Fevereiro de 2008, nada se viu produzido neste âmbito, quebrando assim um ciclo de desenvolvimento muito positivo para as populações, o que aliás foi bem retratado em artigo de opinião de um dirigente local do Partido Socialista, o Sr. Luís Coelho, publicado no Jornal da Moita de 21 de Fevereiro de 2007, que passamos a citar: “ Ora, o que as pessoas querem é ver obra feita, e, verdade se diga, aparentemente o Vale da Amoreira parece ter parado no tempo, se compararmos com o que se fez até há uns anos atrás que, deve reconhecer-se, melhorou consideravelmente a qualidade de vida da freguesia.”
Perante o exposto gostaríamos que nos respondesse a algumas questões:

1- Para quando a realização das obras necessárias à boa conclusão dos projectos estruturantes, já assumidos pelo governo, alguns há mais de 20 anos?

2- Qual o vínculo laboral e em que moldes se fazem as contratações de pessoas para participarem no projecto?

3- Como justifica a ausência de obra nos dois anos já passados da Iniciativa Operações de Qualificação e Reinserção Urbana de Bairros Críticos depois de tanta mediatização?

4- Como será compensada a autarquia devido à colocação do corredor de protecção ao TGV no nosso concelho?

A Comissão de Freguesia do PCP de Vale da Amoreira

Fevereiro de 2008

2008-02-15

Lembrei-me deste sketch depois de ler e ouvir as notícias que sairam na comunicação social após o Seminário sobre a «Nova Travessia do Tejo», promovido pela Ordem dos Engenheiros.

2008-02-13

Humberto Delgado (15 Maio 1906 - 13 Fevereiro 1965)

Só posso estar de acordo com o aumento da cobertura da rede pré-escolar pública. Não esqueçam é que sem acabar com a precariedade no emprego não existem hipóteses de inverter a tendência dos últimos anos, em que cada vez nascem menos crianças. E já agora não fechem mais maternidades.

2008-02-06


Como os tempos são de crise, só os salários dos chefes aumentam.
Em Braga não basta o tradicional “come e cala”. O “come e paga” ajuda a que mais algumas bocas se calem.

2008-02-03



Shahryar Mazgani é um musico setubalense, que foi distingido pela a revista francesa Les Inrockuptibles, como uma das 20 melhores bandas de 2005. Entre nós, esse sucesso vai sendo alcançado aos poucos. Song of the new Heart, é o nome do album de 2007. Mazgani tem origem afegã, veio para Portugal muito novo com os pais, após a ascenção ao poder do Ayatola Komeni.  Entre nós, cresceu e formou-se em advocacia. O qual diz, foi um erro. Leal ao seu lema, "errar para errar menos", seguiu a sua paixão, a música.

http://www.mazgani.net

http://www.myspace.com/mazgani