Quem tem medo do Papão?
O nosso primeiro presidente da República democraticamente eleito, general Ramalho Eanes vem tocar numa das feridas, se não a principal, que tanto tem imobilizado o país, o Medo. Da minha memória de pequeno lembro as imagens do homem que se colocou de pé sobre a capota do carro após ouvir uns disparos e também aquela ida a Timor no “Lusitânia Expresso” como forma de reivindicar aquela parcela de terra aos indonésios. A sua formação militar tornou-o destemido e talvez por isso consiga ver, que o Medo em demasia, é prejudicial a toda a acção humana. Denuncia “…a existência de um clima de medo crónico de criticar para não ser prejudicado e de arriscar.”. Atribui as culpas aos políticos e aos sucessivos governos que os acusa quando diz, “falta noção da realidade na sociedade actual que, perante a « impavidez política dos governos», se entregou à realidade incontornável do consumo”. A solução do general é que os políticos passem a falar a verdade. Infelizmente e devido à forma como a Justiça é tratada neste país, a palavra “verdade” será cada vez mais, confundida com o seu antónimo. O Medo existe porque a justiça não funciona e quando menciono justiça não me refiro somente à das leis mas também à social. Enquanto os culpados permanecerem impunes, a passearem-se perante aqueles que sabem das suas injustiças, estes terão Medo: pelas suas crianças, pelo seu presente e futuro e emprego. No entanto, não será pela consciencialização do status quo que se poderá mudar este estado de coisas, porque dessa forma, estaremos somente a passar essa responsabilidade de mudança aos nossos filhos.
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