2009-02-02







A respeito de um artigo da autoria de António Chora, com o título de “Com a Crise Económica que Sindicalismo?”, no jornal “Rostos”, escrevi um comentário no próprio jornal, devidamente assinado. No meu comentário manifestei discordâncias profundas com António Chora, tanto na forma como no conteúdo.
António Chora considera no seu artigo que os Sindicatos de outros países proporcionam aos seus filiados melhores condições, mais direitos e apoios e aponta o mutualismo como a solução. António Chora considera que muitos dos direitos e apoios não são da responsabilidade do governo e refere que em outros países os sindicatos criaram cooperativas de habitação, creches, lares da 3ª idade e apostaram mais na formação, qualificando e requalificando os trabalhadores. Considera também António Chora que os sindicatos em Portugal se transformaram em apêndices dos partidos políticos, calendarizando as suas lutas e ou submissões (esta não percebo), aos interesses dos partidos. A meio do artigo António Chora caracteriza o patronato como o mais retrógrado da Europa e os sindicatos como os mais ideologicamente marcados. Continua António Chora o seu artigo com uma referencia ao inicio da crise que atravessamos, sem a caracterizar e sem apresentar soluções para a mesma e na mesma senda do costume, a das cedências dos trabalhadores sem nada, ou com muito pouco em troca. Por fim até fala numa nova globalização e da adaptação dos sindicatos a este novo quadro, escrevendo até que devemos assim, e por essa via de ideias, criar um sindicalismo de acção mais do que de reacção.

Não concordo com esta linha e penso que facilmente se percebe o porquê? Para mim e para muitos sindicalistas, trabalhadores e estudiosos da evolução humana, a sociedade está dividida por classes e é através da relação entre classes que o mundo evolui. Assim, patronato e trabalhadores constituem-se como 2 classes diferentes e com interesses antagónicos. Não somos todos amigos e muito unidos e nem procuramos o mesmo como alguns querem fazer crer. A realidade é bem mais complexa que o conto de fadas que António Chora contou. A Crise do Capitalismo não surgiu há 4 meses mas é intrínseca ao próprio sistema dominante e só se resolve com a substituição deste sistema injusto e contraditório, com uma aposta forte na produção e na valorização dos salários e do trabalho. Os trabalhadores sabem-no bem já que andam a fazer sacrifícios há muito tempo. A demonstrar ainda mais a veracidade do que escrevi relembro que os muitos dos direitos e apoios que António Chora considerou não serem da responsabilidade do governo, foram conquistados através das lutas, daquelas lutas que António Chora também considerou submissões e outros foram retirados por acções do governo. Nada foi ofertado, nada acontece por acaso e é a luta dos trabalhadores a chave para os processos. Os sindicatos ou afins que cedem, ou melhor que cedem sempre, são os reaccionários, são os que reagem, os que lutam e sempre lutaram por melhores condições de vida são revolucionários e agem sempre em conformidade com o que dizem defender, os interesses dos trabalhadores!

Eu já ouvi da boca do patronato elogios ao António Chora, já li no blogue da JSD os mesmos elogios e não percebo como isto acontece. Quando o adversário nos tece os maiores elogios é sempre de desconfiar…

6 comentários:

Anónimo disse...

O BE para ser credível tem de condenar este homem e os seus escritos senão o que resta são apenas as bandeiras fracturantes, muitas delas roubadas ao PCP.

É curioso perceber ao longo dos tempos o mercado das transferências políticas e Chora é um jogador com um passe de valor reduzido.

Também o PSD deverá disfarçar um pouco mais, para bem do BE, para bem do Chora.

Cumprimentos Democratas

Anónimo disse...

O nosso sindicalismo, hoje, só serve para, ser "subserviente" do PCP, mais nada...,eu pessoalmente não tenho problema em elogiar alguém que faça coisas boas, idependente de quem as faz, já tu julgas as pessoas e não as acções, porque será?

Anónimo disse...

As pessoas não são julgadas neste texto mas sim o que escrevem. Se tornas uma posição pública...

Um abraço do lampião.

P.S. - Os maiores homens são aqueles que lutam!

Anónimo disse...

Sendo eu sindicalista registo com muita indignação que aqueles que sempre atacaram os sindicalistas elogiem agora AC.

AC é um social democrata, não é de esquerda e muito menos pelo socialismo. AC é um homem do sistema e como é muito bom a fazer o que faz o sistema agradece.

JC

Anónimo disse...

Claro que fui ler o artigo no "Rostos" queria aprofundar e não ficar só pelo que aqui li.
De facto um espanto,seria um sindicalismo assim a atirar para Ministério de Segurança Social, aliviava-se em custos o governo,mais ou menos Monte Pio e Santa Casa.
Depois nos tempos livres tratava das necessidades da classe operária em matéria de formação, que já faz, (o Chora sabe bem o nº de certificados que tem lá em casa)porque é sempre escolhido), podia tratar também das viagens dos administradores e trabalhadores que lhes são dedicados e se sobrasse tempo, tratavam da contratação colectiva de trabalho, aumentos salariais, horários de trabalho, enfim assuntos menos importantes.
O fascismo, para que os sindicatos não atrapalhassem, não os ilegalizou, convinha ter alguma fachada de democracia, já tinha ilegalizado os partidos portanto aos sindicatos transformou-os em "sociedades corporativas"Claro que os verdadeiros sindicalistas desfez-se deles(cadeia)
O Chora e outros que tais pensarão mesmo que acabou a luta de classes e que a exploração do homem pelo homem só existe para os comunistas?
Vive-se em tempo de crise, crise do sistema capitalismo que provou que mesmo sendo aumentanda a dobrar a produção de riqueza, não resolveu os problemas das pessoas, mas como ia dizendo, vive-se em crise, antes vivia-se apertando o cinto, mas a crise , tal como no tempo do sacrifício, não é para todos, há os ricos.
Os Ricos que dizem que são ricos Graças a Deus.
Amigo Nuno Alarguei-me, desculpa lá o desabafo.
sabes, se não estivesse tão velho e sobretudo doente, ainda tentava fazer um curso de Português, com o que se fala de novo acordo já nem sei bem escrever certas palavras. Ou será que é já da velhice?
Um Abraço
O Merceeiro Honesto

O Broncas disse...

Também li o artigo a que se referem. Admiro-os até por terem-no percebido, posto que eu não entendi nada daquilo.

Só quem conhece a história do sindicalismo, quem foi ou é activista sindical (nem todos) será capaz de perceber, debater e contraditar aquele pujante texto.
Deste modo, tenho dúvidas do post e dos vossos comentários, sou levado até a pensar que vós sabeis tanto de sindicalismo como eu.

-Acordai!

Que as luzes da ribalta só iluminam as inteligências de excepção...