E o ano de 2009????
Assistimos neste início de ano ao agravamento da crise do sistema capitalista. Crise causada pela natureza do próprio sistema. Rapidamente os líderes mundiais, na sua maioria responsáveis pelo mesmo sistema, teceram grandes considerações sobre a Crise: uns entendem que esta foi causada pela ganância de alguns, outros entendem que foi um ou outro factor que a causou, mas nunca referem a verdadeira causa que é o próprio sistema.
Observamos também à continuação da apresentação dos diagnósticos e das soluções para a “maldita” crise. Incrédulos ouvimos os adeptos do “menos estado, melhor estado” a solicitar a intervenção cada vez maior do tal estado que eles queriam mais pequeno. Também ouvimos várias vezes expressões e palavras que esses mesmos senhores (ditos por eles próprios modernos) consideravam ultrapassadas e bafientas. Palavras e expressões como nacionalizações, intervenção do estado, estado social, entre outras consideradas demasiadas antigas para um mundo que avança no sentido global.
E se isto se passa no nosso planeta azul, em Portugal também constatamos que os nossos representantes voltaram a usar a mesma terminologia antiga e gasta. O Presidente da República converteu-se e agora defende o que não defendia enquanto 1º Ministro, a Constituição da República Portuguesa, ainda que só em parte como se viu no caso do Estatuto dos Açores. Esperemos que este espírito alastre e que passe também a defender a nossa lei fundamental nas questões laborais! O 1º Ministro depois de traçar um rumo para o país durante três anos, inverte agora o discurso apesar de não inverter as políticas. Afirma-se defensor do Estado Social e do emprego, ao mesmo tempo que tenta construir um Código do Trabalho injusto e tendencioso, contra os trabalhadores e depois de ter atacado as funções sociais do Estado.
Na prática, assistimos a uma reconversão nas palavras de alguns ao mesmo tempo que vão fazendo o mesmo de sempre: atacar o estado e os direitos dos cidadãos, em todas as suas vertentes.
Em 2009, as perspectivas agora enunciadas por estes senhores são muito más. Apresentam mais desemprego, mais dificuldades, mais insegurança, mais injustiça, mas nem por isso alteram o seu comportamento ou as suas políticas. Em 2009, o caminho para esses decisores é o mesmo que conduziu a esta crise: desmembramento do aparelho produtivo, desmembramento das funções sociais do estado, redução dos direitos dos portugueses em todos os campos e aumento da dependência portuguesa face ao exterior, colocando em risco por todas estas vias a soberania nacional e, em último caso a própria democracia portuguesa.
Mas como alguém dizia, apesar de não o fazer como devia: “Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!”
Desde sempre o Partido Comunista Português tem se apresentado aos portugueses como um defensor de uma outra política, uma política que quebre com esta, e por isso tem vindo a exigir uma ruptura, em que se valorize o aparelho produtivo, que se cumpra a Constituição e isto é melhorar as funções sociais do estado, criar políticas que fomentem o emprego, que defendam os direitos de quem trabalha e que crie condições para que Portugal reduza os deficits: o produtivo, energético, cultural, educacional e como não poderia deixar de ser o democrático, porque resolvendo estes facilmente se resolve o financeiro.
É neste quadro que nos apresentamos aos portugueses e é neste quadro que os portugueses vão ser chamados a votar em três actos eleitorais, todos eles com uma extraordinária importância, mas que por si só não substituem o papel de cada um de nós no dia a dia.
Em 2009 poderemos criar condições para uma ruptura com estas políticas, podemos e devemos lutar por ela, pela construção de uma sociedade melhor, onde cada um de nós tenha um papel, onde todos sejam válidos e onde se combata a exclusão. Está nas mãos e na consciência de cada um de nós exigir mais e melhor, porque sim, é possível uma vida melhor, basta lutar por isso e exigir um outro rumo, uma nova política.
Nuno Cavaco
Membro da DORS do PCP