2007-11-10

Todos aqueles que recordam a Baixa da Banheira de há 20 ou 30 anos lembram-se das inúmeras horas que polvilhavam algumas zonas da freguesia. Ainda apegados aos hábitos trazidos das suas terras de origem, era no meio de construções abarracadas na zona ribeirinha e num espaço da antiga Quinta do Petinga confinado entre as ruas dos Açores e de São Tomé e Príncipe (para referir exemplos de que recordo bem) onde alguns (não poucos) banheirenses passavam os seus tempos livres entre couves, alfaces ou galinhas, ainda retirando daí algum sustento.

Hoje esta actividade quase desapareceu. O Parque Zeca Afonso abriu o Tejo com outros horizontes e uns poucos sobreviventes da zona ribeirinha só se encontram no extremo norte da Vila, já na Barra-a-Barra dividida com o Lavradio. Nos antigos terrenos do Petinga, onde dantes um caminho de terra serpenteava entre cercas de madeira, hortas e pombais, está agora o Mercado Municipal, uma estrada alcatroada, e alguns resquícios desses tempos idos. Restam também poucos quintais onde se cultiva a couve-galega, o chá de tília ou se guardam um par de rolas.

Foi assim com bastante surpresa que nos últimos meses tenho assistido à transformação do anteriormente abandonado espaço exterior do Centro de Bem-Estar Social da Baixa da Banheira, pelo que me disseram, às mãos de uma pessoa que se deu conta do espaço e pediu para dele se ocupar nos seus tempos livres.




Esta mudança dá-me a sensação de que, se mais espaço houvesse disponível, mais gente se encarregaria de o ocupar também.

A Baixa da Banheira tem uma densidade populacional que aconselha a que não se abuse em mais construção pelo que seria interessante tentar ocupar os poucos espaços ainda livres com outra coisa que não seja mais betão, mesmo que assim já esteja delineado. Refiro-me em particular a uma faixa de terreno que se estende paralelamente à Rua dos Lusíadas, da Rua 1º de Maio em direcção à ponte que neste momento a REFER ergue sobre a linha férrea (e onde em tempos estiveram alguns pombais entretanto transferidos para o Vale da Amoreira), e para a qual está prevista a criação de uma nova rua ao redor da qual surgirão certamente mais alguns edifícios. Se um espaço destes, numa zona central da Vila sofresse uma reconversão, permitindo em parte a sua ocupação por pequenas hortas urbanas, com condições devidamente adaptadas às necessidades e enquadradas por um regulamento de utilização comum, creio que se estaria a dar um passo certo no bem-estar nesta terra, não só dando espaço à continuação de uma ocupação cada vez menos enraizada, como também melhorando o ambiente urbano e (possivelmente) a economia de algumas bolsas menos abonadas.

1 comentário:

Anónimo disse...

eu faria um renting desse espaço para ver se fazia dinheiro para pagar os carros do teu amigo, não é joãozinho? disso não falas tu claro que incomoda.
que amigos que vocês são ainda te oferece uma voltinha de borla mais a secretária jeitosa de boca.