2009-02-26

A Política do croquete

Ontem no Jornal da Noite da SIC numa reportagem sobre o debate quinzenal na Assembleia da Republica foi-nos demostrado mais uma vez, a forma como alguns políticos continuam a desrespeitar a classe e os seus concidadãos. A CGD comprou 10% da Cimpor a Manuel Fino pagando-lhe mais 25% do valor real das acções. Segundo os dados apresentados ontem por Paulo Rangel, o governo gastou em festas de inauguração 4,5 milhões de euros.
Após apresentação destes pontos o primeiro ministro colocou a cassete do "nunca vi o discurso chegar tão baixo" para desviar o discurso para a baixaria. No final, em entrevista confessou nada saber acerca do assunto CGD/Cimpor e que ficara a saber do caso pela comunicação social enquanto o ministro Mário Lino em resposta a um jornalista dizia que as festas de inauguração eram apenas pequenos berberetes onde se bebiam sumos e comiam croquetes e pasteis de bacalhau.
Estes dois pontos são bem elucidativos da falta de sentido de responsabilidade de estado existente no nosso país. O ministro das finanças, gasta o dinheiro dos contribuintes em tudo aquilo que lhe pensa ser útil para "salvar o país" e não dá cavaco ao primeiro ministro que sabe das suas opções pela comunicação social. Concerteza que Manuel Fino é um cidadão com direitos, mas e os outros portugueses que não conseguem pagar a casa à CGD terão menos direitos? Se o ministro deu autorização para comprar os 10% da Cimpor a um valor 25% mais alto, para ser feita Justiça, a tal que tanta falta nos faz, como irá Teixeira dos Santos resolver o problema das famílias que não conseguem pagar o empréstimo de suas casas? Vai dizer à CGD para comprar-lhes 25% acima do valor do empréstimo contraído? Claro que a Cimpor é muito importante, mas se não houver quem compre casas para que queremos investir em cimento? Só se for para construir Elefantes Brancos onde só entram 150 pessoas importantíssimas para o esforço de cortar a fita e que depois, como recompensa desse esforço, comerem uma sandes e beberem um sumol que quem paga a "continha" é o povinho.

2009-02-18

O valor do voto

Em Democracia o povo é quem mais ordena. As eleições assumem-se como o acto solene e soberano de um povo que escolhe o seu caminho, que escolhe os seus representantes/governantes e consequentemente escolhe o seu futuro. No ano de 2009 vamos participar em três actos eleitorais, as europeias, legislativas e as autárquicas. Numa altura em que assistimos ao agravar da Crise do Sistema Capitalista, onde milhões de pessoas ficam sem emprego, onde milhões de pessoas não têm apoios, onde milhares de empresas encerram, estas eleições assumem-se como fundamentais para o nosso povo e para o interesse nacional. As políticas e o rumo seguido não têm dado bom resultado. Os portugueses viram os seus direitos e o seu poder de compra diminuir e os serviços públicos a encerrar.
É pois em ano de eleições que se devem prestar contas, de se apresentar o que se fez e explicar porque assim foi, de enunciar o que não se fez e referir o porquê. É o mínimo que o respeito impõe e é o mínimo que os representantes de alguém devem fazer. A CDU no Concelho da Moita encontra-se a prestar contas à população, quer nas ruas, quer em salas do nosso concelho, mostrando o que fizemos, explicando o que não fizemos e lançando as bases para o futuro, dando atenção a temas tão diversos como o trabalho desenvolvido nas autarquias, movimento associativo e à defesa do património e valorização das tradições. Assumimos as nossas responsabilidades como sempre o fizemos e recusamos baixar os braços e levantar a bandeira da inevitabilidade, a isso respondemos com confiança e luta por uma vida melhor. Acreditamos ser possível um futuro onde ninguém deixe de aprender ou de ter acesso à saúde por não ter dinheiro, confiamos e lutamos por um futuro onde um trabalhador que viva do fruto do seu trabalho não viva no limiar da pobreza, temos a certeza que um dia Portugal vai vencer os deficits crónicos que os sucessivos governos PS, PSD, com ou sem CDS-PP, criaram, onde se produza, onde se valorize o aparelho produtivo, onde se valorize o trabalho. Esta é a nossa força e aí reside a nossa confiança.
Para o ano de 2009, um ano em que o nosso Primeiro-Ministro fala em investimento público para combater a crise, o governo do partido socialista reduziu em quase 90% o investimento previsto a nível do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para o Concelho da Moita, seguindo o mesmo caminho de anos anteriores, ao mesmo tempo e, por pura coincidência, para o nosso concelho vizinho, o Montijo, este investimento previsto aumenta cinco vezes. Por esta decisão/votação teremos mais uma vez adiados investimentos importantes e necessários ao desenvolvimento do nosso concelho, ao nível da saúde, da educação, da segurança e do movimento associativo.
Em Democracia exige-se clareza e equidade, exige-se respeito e responsabilidade. A título de exemplo refiro a fiscalização constitucional do Código do Trabalho. Na oposição, o PS, considerava o Código do Trabalho do PSD-CDS/PP um retrocesso, uma malfeitoria, agora como governo não cumpriu mais uma vez o prometido, a alteração dos aspectos negativos do Código de Trabalho, e ainda o piorou, ao arrepio das promessas eleitorais. Para esta fiscalização, que deveria ser também promovida pelo nosso Presidente da República, é necessário que 10% dos deputados a aprovem. O PCP, que continua na luta contra este Código do Trabalho, necessita de solicitar a outros deputados, de outras bancadas, que dêem o seu aval, até 23 deputados manifestarem a sua concordância, correndo o risco de não se chegar a esta meta. Como se costuma dizer, por um voto se ganha e por um voto se perde, e desta situação percebemos bem o que é o voto útil. São nestes exemplos que se percebe o poder de um só voto. Por isso, quando votar pense nisso, quando votar pense em si!

Nuno Cavaco
Membro da DORS do PCP

2009-02-15

Ando a nestes últimos dias a tentar ler alguns textos para melhor responder ao desafio que a CM da Moita colocou aos banheirenses sobre o futuro próximo da Rua 1º de Maio. A minha posição é clara: a Rua 1º de Maio deve ficar interdita ao tráfego automóvel, e já aqui tinha sido defendida.

Nesta tentativa de documentação, encontrei no site de Mário Alves, um especialista em Gestão da Mobilidade, um texto magnífico do qual retiro estes excertos:

"A errância, a deriva, o flanar, o jogo, fizeram sempre parte do património sociológico e estético do ser humano e da cidade. Estas formas de procurar o encontro fortuito com o “outro” são os fundamentos da cidade democrática. Ao reduzirmos as deslocações sobre o território a um fenómeno meramente utilitário de ligação entre actividades, estamos a perder algo subtil, mas que nos define como sociedade.

(...)

Com o aumento da presença e velocidade dos automóveis, diminui a presença e circulação dos peões. Dito de outra forma, com a invasão do automóvel, as ruas deixam de ser aquilo para o qual serviram durante séculos — pontos de encontro. Transformadas em “esgotos de tráfego” as ruas transformam-se em patologias. A velocidade dos automóveis (o perigo, e em menor grau o ruído), é o elemento que mais contribui para esterilizar as ruas, transformando-as em meros corredores de passagem"

Errare Humanum est...

2009-02-14

Quem estiver interessado em participar no processo de discussão pública sobre a requalificação da Rua 1º de Maio, poderá fazê-lo online até ao final de Março.

2009-02-13

Quem tem medo do Papão?

O nosso primeiro presidente da República democraticamente eleito, general Ramalho Eanes vem tocar numa das feridas, se não a principal, que tanto tem imobilizado o país, o Medo. Da minha memória de pequeno lembro as imagens do homem que se colocou de pé sobre a capota do carro após ouvir uns disparos e também aquela ida a Timor no “Lusitânia Expresso” como forma de reivindicar aquela parcela de terra aos indonésios. A sua formação militar tornou-o destemido e talvez por isso consiga ver, que o Medo em demasia, é prejudicial a toda a acção humana. Denuncia “…a existência de um clima de medo crónico de criticar para não ser prejudicado e de arriscar.”. Atribui as culpas aos políticos e aos sucessivos governos que os acusa quando diz, “falta noção da realidade na sociedade actual que, perante a « impavidez política dos governos», se entregou à realidade incontornável do consumo”. A solução do general é que os políticos passem a falar a verdade. Infelizmente e devido à forma como a Justiça é tratada neste país, a palavra “verdade” será cada vez mais, confundida com o seu antónimo. O Medo existe porque a justiça não funciona e quando menciono justiça não me refiro somente à das leis mas também à social. Enquanto os culpados permanecerem impunes, a passearem-se perante aqueles que sabem das suas injustiças, estes terão Medo: pelas suas crianças, pelo seu presente e futuro e emprego. No entanto, não será pela consciencialização do status quo que se poderá mudar este estado de coisas, porque dessa forma, estaremos somente a passar essa responsabilidade de mudança aos nossos filhos.

2009-02-11

Será a Homossexualidade a causa do sentido "desviante" de algumas pessoas?

Penso que o governo encontrou uma boa maneira de combater à crise, falar dos direitos dos homossexuais. Este vai ser o grande assunto dos próximos tempos (o tempo que for necessário para distrair as massas). Quais milhões para privatizar o BPN & companhia, qual possível corrupção no licenciamento do Freeport, Quais empresas a fechar, etc. Nada que uma boa novela não resolva. Não é que pense que os direitos dos homossexuais não sejam importantes, qualquer pessoa, como cidadão, tem o direito à sua liberdade seja que natureza for, desde que não imponha aos outros as suas escolhas. Como tal, eu não tenho o direito de impor aos homossexuais a minha escolha. Como cidadãos têm os mesmos deveres tributários para com o estado, não vejo o porquê dos seus direitos. Agora, qual é a relevância deste assunto para a resolução dos problemas do pais? Não sei, talvez o seu “casamento” até seja benéfico para a receita fiscal, visto que juntos podem passar para outro escalão de IRS. No entanto acho que se perde demasiado tempo a debater questões que não resolvem os problemas económicos do pais, mergulhando o pais num “zapping” constante onde os assuntos noticiados servem apenas para dispersar a atenção das questões de fundo. Por falar em fundo, já ninguém se lembra do que aconteceu aos Fundos Comunitários nem como estes foram esbanjados? Uma proposta, deviam fiscalizar as contas de algumas das pessoas que enriqueceram durante esse período. Foi um período que muita gente aproveitou e se aproveitou de um Estado “ingénuo” que continua a ignorar fazer uma investigação profunda a muitos dos intervenientes e vai distraído a sociedade com assuntos de janela. Todos sabemos que a forma muitas vezes utilizada para fugir ao sistema é a de colocar os bens em nome de familiares. Deve-se investigar não só os bens no estrangeiro como também os bens da família e perceber como enriqueceram. Não se tome isto como caça às bruxas, mas como uma imposição de justiça em nome daqueles que votam para serem governados e não desgovernados. Se isso não acontecer, e não deve acontecer, vamos continuando a assistir à entrada na União Europeia de países de Leste, os quais dizemos que são atrasados, para facilmente nos deixarem a milhas em termos económicos, menos no futebol e na homossexualidade à força! (com o devido respeito pelos leitores)

2009-02-06

Descobrir um caminho para sair da crise!


Segundo o nosso primeiro ministro, chegou a altura dos partidos da oposição em vez de atacarem o seu governo, dizerem o que pretendem fazer para a recuperação do país. Não sei porquê mas parece que já ouvimos esta cassete dita anteriormente pelos outros governos. Não sei se é um prenúncio de um vazio de ideias, mas revela o enorme incómodo em que o governo se encontra devido ao descrédito da sua palavra. Talvez a solução esteja gravada na nossa história. Antigamente os portugueses olhavam para o seu território não como um subúrbio da Europa mas como uma porta para o mundo. Hoje, países existem, que no centro da Europa, para os seus residentes e mercadorias poderem deslocar-se até outros países fora da sua área, têm que atravessar por países vizinhos. Nós hoje vemos o mar não como uma estrada que nos liga a todo o mundo mas como uma barreira, e é aqui que percebemos como os tempos mudaram em relação aos nossos antepassados. Porque não temos grandes barcos de transporte para comercializarmos os nossos produtos com o mundo e vice versa? Penso que o aproveitamento do Porto de Sines e outros são muito mal aproveitados em relação a outros portos europeus. A nossa industria naval (estaleiros) que já foi das maiores a nível mundial, hoje não passa de uma sombra. Não percebo como um povo que foi pioneiro na globalização, não tem mais ideia das mais valias que isso pode nos trazer. Sabemos que temos um país pequeno em comparação com outros mas isso não justifica que também tenhamos ideias pequenas, e todos percebemos bem o que significa tê-las. Se no passado com poucos recursos conseguimos fazer aquilo que outros com muitos não conseguiam, porque razão será que hoje vivemos com a consciência restringida aquilo que vemos do exterior e não olhamos para as nossas características pessoais e territoriais para retirarmos o melhor partido? De certeza que não necessitamos somente que outros nos digam o que fazer, pois sabemos muito bem. Um dos elementos que nestes dias temos visto a sua extrema necessidade e que nós negligenciamos é o Sal. Vejam a necessidade que dele têm os países do norte por causa da neve nas estradas. Foi com ele que em 1669 Portugal pagou aos holandeses para saírem do Brasil. Hoje por ironia ainda importamos anualmente algumas toneladas. Ideias para recuperar o pais, todos nós temos, mas alguns é que são eleitos para não as faltar. Temo no entanto que a proposta da regionalização seja só mais uma manobra para "feudapartidalizar" o país do que para resolver os seus problemas.

2009-02-03

Sócrates tem azar

Há gente com muito azar. O caso mais grave que conheço é o do nosso primeiro, Sócrates. Tudo começou no dia que o professor de Inglês Técnico, por pura preguiça, decidiu fazer um teste por correspondência ao agora Primeiro-Ministro. A Planeta DeAgostini também faz e ninguém se queixa.

Passados uns meses, um gajo chateia-se com a mulher, resolve ir trabalhar ao domingo para a universidade e decide passar o Diploma a um Aluno chamado José Sócrates. Por isso é que a Ministra quer mudar as coisas na educação: para proibir as pessoas de trabalhar ao domingo.

Por ser um excelente profissional, Sócrates começa por fazer projectos de cariz social, canis, anexos, e a posteriori, casas. As casas eram de um design tão espectacular que alguns arquitectos invejosos começaram a reclamar que os projectos só eram assinados pelo primeiro apenas porque os mesmos não os podiam assinar por trabalhar na autarquia. O Frank Gehry bem tentou ter uma obra em Portugal, mas com o engenheiro Sócrates cá, quem precisa de contratar estrangeiros?

Depois de ser contratado pela J.P. Sá Couto decide fretar um avião para a Venezuela, chamou todos os Magalhães que conhecia e decidiu vendê-los. Pelo caminho, os Magalhães obrigaram o primeiro a fumar um charro, ele não quis, e como bom anfitrião decidiu fazer companhia com um cigarro. Quem nunca fumou um cigarro num avião que atire a primeira pedra.

Relativamente ao Freeport não vou fazer aproveitamento humorístico, com ZPE´S, tios, primos, reuniões, 4 milhões, offshores...

Pedro Oliveira, 34 anos, designer gráfico, Guimarães

2009-02-02

“No país vizinho, tal como em muitos outros na Europa, os sindicalistas preocuparam-se também com as questões de cariz social, criando cooperativas de habitação, creches, lares da 3ª. Idade, apostando na formação e nos mais variados apoios sociais.

Hoje, confrontados com a crise, os seus filiados tem mais direitos, mais apoios e nem todos são da responsabilidade dos Governos.

(...)

O problema é encarar de frente os novos sistemas de trabalho, a flexibilidade, as novas polivalências, as novas profissões, os novos horários de trabalho respeitando as cargas de trabalho, no princípio de que deve ser o trabalho a adaptar-se ao homem e não o contrário.”

Tenho que humildemente reconhecer que de sindicalismo percebo muito pouco, mas parece-me que esta globalização não fez mais do que trazer ao séc. XXI alguns dos problemas dos trabalhadores dos inícios da Industrialização: um poder excessivo do patronato sobre os assalariados, ou seja: trouxe um aumento das desigualdades sociais.

E no meio de uma crise global, surgida num processo de globalização onde segundo os indicadores económicos, a economia de alguns países cresceu como nunca, mas que ao mesmo tempo criou as tais desigualdades sociais que estiveram na génese da crise, acho estranho que sejam sindicalistas a alinhar num discurso anti-sindical, quando foram precisamente os sindicatos que mais lutaram, ou se o termo não agradar a alguns, chamaram a atenção, para os perigos que se correm quando se retiram direitos e poder de compra às classes mais desfavorecidas.

Quantas cooperativas e associações mutualistas não começaram num tempo em que nem Estado nem Empresas assumiam as suas responsabilidades sociais! Direitos que mais tarde, graças ao esforço dos trabalhadores, e da população em geral, organizados em sindicatos em partidos, foram assumidos pelo Estado, contra uma natural retribuição de quem trabalha. “O que um Estado Social propõe é exactamente que todos paguem conforme os seus rendimentos, para que todos possam usufruir dos mesmos serviços, ao mesmo preço. A justiça social é feita através da fiscalidade.” Foi o que escrevi num comentário há algum tempo.

E já agora, sempre que oiço algumas vozes a falarem de “flexibilidade” com uma certa “leviandade” lembro-me sempre deste filme: “Tempos Modernos” de Chalie Chaplin, É que a precariedade, conduz à falta de liberdade, porque quem não é livre tem que dizer “sim” mesmo que queira dizer “Não!”







A respeito de um artigo da autoria de António Chora, com o título de “Com a Crise Económica que Sindicalismo?”, no jornal “Rostos”, escrevi um comentário no próprio jornal, devidamente assinado. No meu comentário manifestei discordâncias profundas com António Chora, tanto na forma como no conteúdo.
António Chora considera no seu artigo que os Sindicatos de outros países proporcionam aos seus filiados melhores condições, mais direitos e apoios e aponta o mutualismo como a solução. António Chora considera que muitos dos direitos e apoios não são da responsabilidade do governo e refere que em outros países os sindicatos criaram cooperativas de habitação, creches, lares da 3ª idade e apostaram mais na formação, qualificando e requalificando os trabalhadores. Considera também António Chora que os sindicatos em Portugal se transformaram em apêndices dos partidos políticos, calendarizando as suas lutas e ou submissões (esta não percebo), aos interesses dos partidos. A meio do artigo António Chora caracteriza o patronato como o mais retrógrado da Europa e os sindicatos como os mais ideologicamente marcados. Continua António Chora o seu artigo com uma referencia ao inicio da crise que atravessamos, sem a caracterizar e sem apresentar soluções para a mesma e na mesma senda do costume, a das cedências dos trabalhadores sem nada, ou com muito pouco em troca. Por fim até fala numa nova globalização e da adaptação dos sindicatos a este novo quadro, escrevendo até que devemos assim, e por essa via de ideias, criar um sindicalismo de acção mais do que de reacção.

Não concordo com esta linha e penso que facilmente se percebe o porquê? Para mim e para muitos sindicalistas, trabalhadores e estudiosos da evolução humana, a sociedade está dividida por classes e é através da relação entre classes que o mundo evolui. Assim, patronato e trabalhadores constituem-se como 2 classes diferentes e com interesses antagónicos. Não somos todos amigos e muito unidos e nem procuramos o mesmo como alguns querem fazer crer. A realidade é bem mais complexa que o conto de fadas que António Chora contou. A Crise do Capitalismo não surgiu há 4 meses mas é intrínseca ao próprio sistema dominante e só se resolve com a substituição deste sistema injusto e contraditório, com uma aposta forte na produção e na valorização dos salários e do trabalho. Os trabalhadores sabem-no bem já que andam a fazer sacrifícios há muito tempo. A demonstrar ainda mais a veracidade do que escrevi relembro que os muitos dos direitos e apoios que António Chora considerou não serem da responsabilidade do governo, foram conquistados através das lutas, daquelas lutas que António Chora também considerou submissões e outros foram retirados por acções do governo. Nada foi ofertado, nada acontece por acaso e é a luta dos trabalhadores a chave para os processos. Os sindicatos ou afins que cedem, ou melhor que cedem sempre, são os reaccionários, são os que reagem, os que lutam e sempre lutaram por melhores condições de vida são revolucionários e agem sempre em conformidade com o que dizem defender, os interesses dos trabalhadores!

Eu já ouvi da boca do patronato elogios ao António Chora, já li no blogue da JSD os mesmos elogios e não percebo como isto acontece. Quando o adversário nos tece os maiores elogios é sempre de desconfiar…

Rita Red Shoes no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, no dia 6 de Fevereiro, às 22:00h.

2009-02-01


Ontem tive a oportunidade, e o prazer, de ouvir o António Pinho Vargas e o seu piano no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo. Infelizmente não é esse o motivo principal deste meu post, mas sim uma das pequenas intervenções com que foi intercalando a sua música: “Ao vir para cá, e apesar de me dizerem que vinha para a Moita, pareceu-me que estávamos a caminhar em direcção à Baixa da Banheira. Os que aqui estão presentes saberão perfeitamente onde estão.” As palavras terão sido mais ou menos, mas não fogem ao sentido, o mesmo sentido que Jorge Silva Melo quis imprimir às suas quando afirmou que “Gostava que me tivessem dito que isto ficava na Baixa da Banheira, escusava de ter ido dar a volta até à Moita. É que já estive na Baixa da Banheira algumas vezes e sei bem onde fica.”...

É evidente que não é uma distracção mas uma teimosia sem sentido de quem não percebe que, tal como o Fórum Cultural José Manuel Figueiredo é mesmo na Baixa da Banheira, o Moinho de Maré de Alhos Vedros é mesmo em Alhos Vedros, ou que a Capela de Nossa Senhora do Rosário é mesmo no Rosário e que o Campo Municipal de Futebol é mesmo no Vale da Amoreira, é um prazer visitar na Moita, agora sim, a Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, a mesma Moita, Sede de Concelho, onde a 4 de Outubro de 1910 se hasteou a bandeira da República Portuguesa.

E repito o que aqui escrevi, já lá vão quase 3 anos: Acredito que a promoção do Concelho da Moita no exterior só tem a ganhar com a multiplicidade de espaços e culturas, e num concelho heterogéneo como o nosso, esta visão toma ainda mais acerto.