2007-04-16


Há uns 15, talvez 20 anos, acompanhava a cena musical local com alguma intensidade, conhecia músicos, ia assistir a alguns ensaios, não falhava um concerto. A onda sonora espalhava-se essencialmente pelo rock e hard rock e os mais conhecidos foram os Ibéria, que chegaram a gravar LP's e fizeram um teledisco. Existiam outros como os Arabian Penthouse, ou os meus favoritos (e não só porque eram amigos) Malucos p'ra Troca. Os anos passaram e eu fui-me afastando, assim como a quase totalidade dos músicos com quem me relacionava.

Na tarde deste ultimo domingo fui assistir a um concerto hip-hop no Parque Zeca Afonso, e com alguma nostalgia notei que "music box's" e "dj's" substituiram as guitarras e baterias e os "mc's" declamam enquanto os vocalistas cantavam. Mas a nostalgia acaba aqui. Enquanto dantes, nas pequenas bandas mal se sabia tocar quitarra, agora a tecnologia e a técnica estão dominadas, e coisa dantes rara, mudaram-se da garagem para o estúdio. é certo que agora um computador faz quase tudo, poucos sabem o que é um acorde, e provavelmente nem precisam.

Arrisco-me também a dizer que, apesar de não saberam ler ou escrever música, a sua cultura musical é agora maior. Conhecem mais do género que praticam e fora dele, o que conduz aos inevitáveis cruzamentos. Em contrapartida a originalidade é menor, estes conhecem mais e imitam, os outros não conheciam e inventavam.

As letras dependem sempre de quem as escreve, a sua qualidade é independente do tempo em que são escritas ou dos géneros em que se inserem, e essa foi a minha maior surpresa. Há por aí muita qualidade à solta...

1 comentário:

Unknown disse...

Mais um excelente trabalho da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira que trabalha com todos e para todos.
A população é que ganha.