2007-08-24

Este ano não houve escapatória possível. Agosto foi-me imposto com o mesmo ímpeto com que uma carraça se agarra ao pêlo de um cão. Ainda não refeito da desfeita, no início do mês rumei a Sul, A2 abaixo, apesar da revolta que me provocam os 17€ de portagens. Perto do fim da viagem deixei de ser ultrapassado pelos bólides que habitualmente usam o asfalto para desafiar não só as leis da estrada, mas até as leis da física, por mais estúpido que tal comportamento possa ser. Antes já deixara de ultrapassar aqueles que se fazem ao caminho com mais cautelas do que eu, mas mesmo então acreditei que uma ordem universal estivesse a comandar todos os veículos à mesma velocidade, e a distâncias que tornassem nos tornassem invisíveis uns aos outros.

Entrei e saí da serra, segui pela A22, N125 e nem no centro da Vila se via um carro. Às 5 da tarde, o café fechado, um sino que não badalava à passagem de um cão vadio e um gato que miava a uma osga na parede receberam-me com indiferença. A cobertura da rede de telemóveis sempre foi má por estas bandas, agora é inexistente. Percorri as ruas mais próximas na companhia do cão, pequeno, preto e silencioso, que parecia apreciar a calmaria que me começava a perturbar. Entrei no carro e segui em direcção a Silves, depois Monchique, Aljezur, Lagos, Portimão e regressei já com a noite por companhia. Só aquela brisa de mar, normalmente ofuscada pelo buliço das gentes, perturbava o odor ao estio algarvio. Perto da meia-noite o cão já se chamava Bohr e o gato trincava a osga. Pouco depois o cansaço da viagem fez-me dormir no quintal, torcido numa cadeira de baloiço que me embalou para um sono pesado até aos primeiros minutos da aurora. Levantei-me num sobressalto sempre com o Bohr por companhia e com ele meti caminho rumo a Norte, seguindo o caminho inverso ao da véspera. N125, A22, e enquanto atravesso a Serra, a curiosidade faz-me voar até Messines, em vão.

Poucas horas depois, e já confortavelmente sentado no sofá de casa, consegui apresentar o Bohr à sua nova família. Foi notícia à escala mundial: naqueles dias, inexplicavelmente, estive sozinho no Algarve.

7 comentários:

Anónimo disse...

joazinho estalinista quando é que fazes um post com interesse? Achas que alguém quer saber dos teus desabafos e viagens e mais não sei o quê?

Anónimo disse...

toda a gente de bem sabe que não és tu o António do Telhado.

desculpa a confusão.

Anónimo disse...

O desespero do especulador e dos avs é por demais hilariante.

Anónimo disse...

...só a estupidez, o desespero e desacerto ideológico, explica tanta idiotíce anti-comunista.

Desejo que os miolos dos promotores da actual campanha de exaltação anti-comunista em curso, com assento na C.Concelhia do PCP, se dissolvam na sarjeta que estiver mais próxima.

Mem para beber um "copo", os desejo encontrar na Festa do AVANTE.

Anónimo disse...

Eheheh!

Anónimo disse...

"Desejo que os miolos dos promotores da actual campanha de exaltação anti-comunista em curso, com assento na C.Concelhia do PCP, se dissolvam na sarjeta que estiver mais próxima."

Será que li bem ou que está mal escrito?

Então é a malta da Comissão Concelhia do PCP da Moita que está por detrás destes ataques todos? Então o AVP e outros blogs são todos de camaradas descontentes com a autarquia?

Ganda novidade!

Anónimo disse...

Nunca se sabe