Quando era criança lembro-me de sair de casa pela mão da minha mãe, e atravessar o mercado de rua que duas vezes por semana se instalava à nossa porta na Rua de Moçambique. Para mim era uma alegria andar pela rua com o reboliço matinal semeado de cheiros a frutas, legumes, galinhas, pintos e coelhos. Passados uns anos este mercado mudou-se para uma zona mais ampla na Rua de Diu, mas o meu trajecto matinal continuou a cruzar-se com um mercado de rua, desta vez na Rua Fernando Pessoa.
Estas memorias foram puxadas pelo novo blog barreirense mercado de rua "marquês de pombal", onde o seu autor propõe a mudança do Mercado de Levante da Verderena para aquela zona do Barreiro velho, e tenho que reconhecer que o romantismo da ideia me agrada.
É claro que tal mudança não pode ser feita, como o autor reconhece, com a transposição do mercado de um lugar para outro. É necessário acautelar várias premissas e aproveitar a ocasião para reformular o modelo de funcionamento destes mercados. É para mim insuportável que se permita a um qualquer mercado de levante a sua transformação de um lugar de escoamento de produtos agrícolas para um mercado de material contrafeito. A agricultura já não ocupa o lugar que ocupou em tempos na economia local (e nacional) mas, a meu ver, nada impede que um espaço novo mantenha este segmento como um dos seus pilares. Volto às minhas recordações de infância para relembrar o Mercado da Fruta das Caldas da Rainha onde, além dos produtos da terra já referidos, também se encontram bancas com flores (tão presentes por essa Europa fora), com bolos e doçarias da região, o artesanato (incluindo os mais famosos artefactos das Caldas) ou ainda uma banca (entretanto já desaparecida) onde se comercializavam aves (mais ou menos) exóticas, e que naturalmente fazia as minhas delicias. Não recordo exactamente a ultima vez que lá estive, mas creio que foi no ultimo inverno, e estas características mantêm-se. Terão provavelmente reparado que não referi a venda de roupa ou de cd’s e dvd’s. Não foi esquecimento. Este tipo de produtos não tem ali lugar. E continuando a referir o exemplo das Caldas, nos últimos anos apercebi-me da existência de um mercado de velharias no Parque D. Carlos I, se não estou em erro, aos domingos de manhã, ou voltando a memorias passadas, foram várias as vezes que me desloquei ao mercado de coleccionismo que se realizava em Lisboa, na Praça do Comercio, por baixo das arcadas junto à antiga Bolsa (e mais recentemente se transferiu para a zona da expo, onde desconheço se ainda se mantém).
Como é simples de ver, são muitos os produtos que se podem incorporar numa feira com estas características, mas necessariamente com um conjunto de regras e condições logísticas bem diferentes das que se encontram actualmente na Verderena. E como diz Cabós Gonçalves, numa entrevista ao Jornal do Barreiro, “quer estejamos a falar de ciganos, feirantes, tendeiros, doutores ou engenheiros, seja qual for a raça ou etnia, julgo que a única coisa que se deve exigir é que cumpram as regras. Não cumpri-las obriga a que sejam sancionados”.
Desta actividade de cidadania (vida de um conhecido militante socialista), o ponto que mais me despertou a atenção foi que, até à data, os moradores ainda não foram ouvidos e, como bem questiona Carlos Humberto no Rostos Online, “Qual é a aceitação da população, ali residente, de ser instalado um Mercado destes, naquele espaço?”
A discussão ainda agora está no início, a Câmara Municipal está disponível para discutir alternativas com regras, as dificuldades para instalar um mercado no Barreiro Velho não serão poucas, e vou aguardar com muita curiosidade este processo, também porque me parece que o mercado de rua da Baixa da Banheira está a precisar de ser reformulado, e convém aprender com os exemplos dos outros.
Estas memorias foram puxadas pelo novo blog barreirense mercado de rua "marquês de pombal", onde o seu autor propõe a mudança do Mercado de Levante da Verderena para aquela zona do Barreiro velho, e tenho que reconhecer que o romantismo da ideia me agrada.
É claro que tal mudança não pode ser feita, como o autor reconhece, com a transposição do mercado de um lugar para outro. É necessário acautelar várias premissas e aproveitar a ocasião para reformular o modelo de funcionamento destes mercados. É para mim insuportável que se permita a um qualquer mercado de levante a sua transformação de um lugar de escoamento de produtos agrícolas para um mercado de material contrafeito. A agricultura já não ocupa o lugar que ocupou em tempos na economia local (e nacional) mas, a meu ver, nada impede que um espaço novo mantenha este segmento como um dos seus pilares. Volto às minhas recordações de infância para relembrar o Mercado da Fruta das Caldas da Rainha onde, além dos produtos da terra já referidos, também se encontram bancas com flores (tão presentes por essa Europa fora), com bolos e doçarias da região, o artesanato (incluindo os mais famosos artefactos das Caldas) ou ainda uma banca (entretanto já desaparecida) onde se comercializavam aves (mais ou menos) exóticas, e que naturalmente fazia as minhas delicias. Não recordo exactamente a ultima vez que lá estive, mas creio que foi no ultimo inverno, e estas características mantêm-se. Terão provavelmente reparado que não referi a venda de roupa ou de cd’s e dvd’s. Não foi esquecimento. Este tipo de produtos não tem ali lugar. E continuando a referir o exemplo das Caldas, nos últimos anos apercebi-me da existência de um mercado de velharias no Parque D. Carlos I, se não estou em erro, aos domingos de manhã, ou voltando a memorias passadas, foram várias as vezes que me desloquei ao mercado de coleccionismo que se realizava em Lisboa, na Praça do Comercio, por baixo das arcadas junto à antiga Bolsa (e mais recentemente se transferiu para a zona da expo, onde desconheço se ainda se mantém).
Como é simples de ver, são muitos os produtos que se podem incorporar numa feira com estas características, mas necessariamente com um conjunto de regras e condições logísticas bem diferentes das que se encontram actualmente na Verderena. E como diz Cabós Gonçalves, numa entrevista ao Jornal do Barreiro, “quer estejamos a falar de ciganos, feirantes, tendeiros, doutores ou engenheiros, seja qual for a raça ou etnia, julgo que a única coisa que se deve exigir é que cumpram as regras. Não cumpri-las obriga a que sejam sancionados”.
Desta actividade de cidadania (vida de um conhecido militante socialista), o ponto que mais me despertou a atenção foi que, até à data, os moradores ainda não foram ouvidos e, como bem questiona Carlos Humberto no Rostos Online, “Qual é a aceitação da população, ali residente, de ser instalado um Mercado destes, naquele espaço?”
A discussão ainda agora está no início, a Câmara Municipal está disponível para discutir alternativas com regras, as dificuldades para instalar um mercado no Barreiro Velho não serão poucas, e vou aguardar com muita curiosidade este processo, também porque me parece que o mercado de rua da Baixa da Banheira está a precisar de ser reformulado, e convém aprender com os exemplos dos outros.
10 comentários:
Fora com o mercado
Fora com o JF
Muito obrigado pela vossa referência à minha iniciativa de cidadania e ao Blog "Mercado de rua Marquês de Pombal".
Como costumo fazer, a referência a tal menção está já assinalada na "badana" do Blog.
Quanto às vossas preocupações, que são normais e legítimas em qualquer pessoa de bom senso, como poderão verificar num futuro próximo, também as partilho e procurarei dar-lhes respostas satisfatórias.
De facto, sou militante do Partido Socialista mas posso assegurar-vos que isso não me obnubila o raciocínio e sei exactamente o que devo fazer para que essa minha condição de cidadania não perturbe esta minha outra atitude cidadã de promoção de uma ideia que tive, que penso ser útil à Sociedade e que levarei para a frente, com todos e não contra ninguém.
Saudações Cidadãs do
António Cabós Gonçalves
JF abandone este barco que não sabe bolinar, só navega quando os ventos estão de feicção.
AV2
feiCÇão, quero eu dizer...
:B
como diz o outro "saí na rifa" :D
Só que não dás prémio, és uma desgraça jf
Abandona o barco antes que o afundes com tanta estupidez jf
Já em tempos tinha ficado com essa sensação. Não me recordo a razão.
Devemos ter sido vizinhos.
Olha que dupla, não podia ser coisa boa
Brocas e JF juntos não pode ser boa coisa.
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