2007-08-18

Quando era criança lembro-me de sair de casa pela mão da minha mãe, e atravessar o mercado de rua que duas vezes por semana se instalava à nossa porta na Rua de Moçambique. Para mim era uma alegria andar pela rua com o reboliço matinal semeado de cheiros a frutas, legumes, galinhas, pintos e coelhos. Passados uns anos este mercado mudou-se para uma zona mais ampla na Rua de Diu, mas o meu trajecto matinal continuou a cruzar-se com um mercado de rua, desta vez na Rua Fernando Pessoa.

Estas memorias foram puxadas pelo novo blog barreirense mercado de rua "marquês de pombal", onde o seu autor propõe a mudança do Mercado de Levante da Verderena para aquela zona do Barreiro velho, e tenho que reconhecer que o romantismo da ideia me agrada.

É claro que tal mudança não pode ser feita, como o autor reconhece, com a transposição do mercado de um lugar para outro. É necessário acautelar várias premissas e aproveitar a ocasião para reformular o modelo de funcionamento destes mercados. É para mim insuportável que se permita a um qualquer mercado de levante a sua transformação de um lugar de escoamento de produtos agrícolas para um mercado de material contrafeito. A agricultura já não ocupa o lugar que ocupou em tempos na economia local (e nacional) mas, a meu ver, nada impede que um espaço novo mantenha este segmento como um dos seus pilares. Volto às minhas recordações de infância para relembrar o Mercado da Fruta das Caldas da Rainha onde, além dos produtos da terra já referidos, também se encontram bancas com flores (tão presentes por essa Europa fora), com bolos e doçarias da região, o artesanato (incluindo os mais famosos artefactos das Caldas) ou ainda uma banca (entretanto já desaparecida) onde se comercializavam aves (mais ou menos) exóticas, e que naturalmente fazia as minhas delicias. Não recordo exactamente a ultima vez que lá estive, mas creio que foi no ultimo inverno, e estas características mantêm-se. Terão provavelmente reparado que não referi a venda de roupa ou de cd’s e dvd’s. Não foi esquecimento. Este tipo de produtos não tem ali lugar. E continuando a referir o exemplo das Caldas, nos últimos anos apercebi-me da existência de um mercado de velharias no Parque D. Carlos I, se não estou em erro, aos domingos de manhã, ou voltando a memorias passadas, foram várias as vezes que me desloquei ao mercado de coleccionismo que se realizava em Lisboa, na Praça do Comercio, por baixo das arcadas junto à antiga Bolsa (e mais recentemente se transferiu para a zona da expo, onde desconheço se ainda se mantém).

Como é simples de ver, são muitos os produtos que se podem incorporar numa feira com estas características, mas necessariamente com um conjunto de regras e condições logísticas bem diferentes das que se encontram actualmente na Verderena. E como diz Cabós Gonçalves, numa entrevista ao Jornal do Barreiro, “quer estejamos a falar de ciganos, feirantes, tendeiros, doutores ou engenheiros, seja qual for a raça ou etnia, julgo que a única coisa que se deve exigir é que cumpram as regras. Não cumpri-las obriga a que sejam sancionados”.

Desta actividade de cidadania (vida de um conhecido militante socialista), o ponto que mais me despertou a atenção foi que, até à data, os moradores ainda não foram ouvidos e, como bem questiona Carlos Humberto no Rostos Online, “Qual é a aceitação da população, ali residente, de ser instalado um Mercado destes, naquele espaço?”

A discussão ainda agora está no início, a Câmara Municipal está disponível para discutir alternativas com regras, as dificuldades para instalar um mercado no Barreiro Velho não serão poucas, e vou aguardar com muita curiosidade este processo, também porque me parece que o mercado de rua da Baixa da Banheira está a precisar de ser reformulado, e convém aprender com os exemplos dos outros.

10 comentários:

Anónimo disse...

Fora com o mercado
Fora com o JF

António Cabós Gonçalves disse...

Muito obrigado pela vossa referência à minha iniciativa de cidadania e ao Blog "Mercado de rua Marquês de Pombal".

Como costumo fazer, a referência a tal menção está já assinalada na "badana" do Blog.

Quanto às vossas preocupações, que são normais e legítimas em qualquer pessoa de bom senso, como poderão verificar num futuro próximo, também as partilho e procurarei dar-lhes respostas satisfatórias.

De facto, sou militante do Partido Socialista mas posso assegurar-vos que isso não me obnubila o raciocínio e sei exactamente o que devo fazer para que essa minha condição de cidadania não perturbe esta minha outra atitude cidadã de promoção de uma ideia que tive, que penso ser útil à Sociedade e que levarei para a frente, com todos e não contra ninguém.

Saudações Cidadãs do

António Cabós Gonçalves

AV disse...

JF abandone este barco que não sabe bolinar, só navega quando os ventos estão de feicção.

AV2

AV disse...

feiCÇão, quero eu dizer...

:B

joao figueiredo disse...

como diz o outro "saí na rifa" :D

Anónimo disse...

Só que não dás prémio, és uma desgraça jf

Anónimo disse...

Abandona o barco antes que o afundes com tanta estupidez jf

Carlos (Brocas) disse...

Já em tempos tinha ficado com essa sensação. Não me recordo a razão.

Devemos ter sido vizinhos.

Anónimo disse...

Olha que dupla, não podia ser coisa boa

Anónimo disse...

Brocas e JF juntos não pode ser boa coisa.