2007-09-27

Como neste final de verão os dias já se notam mais curtos, foi já com os ares da noite que me encontrei com um amigo para beber um café perto de casa. Há alguns meses que não ia ao Coreto e notei que está mais degradado. A envolvente não é particularmente favorável àquela hora inundada por uma penumbra salpicada da luz de candeeiros de 3 tipos diferentes, e ambos concordámos que a iluminação deveria estar debaixo das arcadas e não fora destas. Não nos demorámos muito, apenas o suficiente para nos sentirmos incomodados com o barulho que a televisão debitava para quem como nós se sentara cá fora, e mais ainda para os poucos, ou nenhuns, que lá dentro se aguentavam.

Poucos dias depois calhou ir a casa de familiares, que por azar, moram num terceiro andar perto da local onde se instalou o karaoke na Rua Padre José Feliciano. Era hora de sessão, e sentado na sala, ouvi perfeitamente os berros esganiçados com que alguém, na certeza de um esforço sincero, assombrava a vizinhança. E estava num terceiro andar.

Mais recentemente descobri que o avô de um amigo meu adquiriu por hábito ouvir fado na varanda, ao abrigo da sombra que pela tarde se estende na fachada do prédio. Com isso inunda de melodias, mais ou menos antigas, todos os vizinhos.



Voltando à noite do Coreto, quando dizia ao meu amigo que raramente ali ia, perguntou-me a razão: é o ruído que me incomoda.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito interessante, mais uma crónica secante da vida dum estalinistazito de meia tigela.