2006-10-08

Quem analisar a história das colectividades desta localidade ficará surpreendido ao verificar que, mormente as primeiras aqui criadas, mantiveram durante largo tempo umas escola pré-primária ou primária para crianças e até algumas, uma escola nocturna para adultos.

Esta actividade escolar, nos «centros associativos» foi o resultante de na Baixa da Banheira não existir, durante largos anos, qualquer escola do Ensino Primário e na medida em que estas, depois, iam sendo criadas, o número de crianças na idade escolar era tal que as escolas eram insuficientes.

Nos primeiros tempos as crianças iam aprender nas escolas de Alhos Vedros, que ficavam a mais de dois quilómetros de distância, sujeitas a todas as intempéries mas, mesmo assim, aquelas cedo se superlotaram o que levou a populaça banheirense a recorrer a moradas fictícias na vizinha vila do Lavradio para que os filhos pudessem utilizar as escolas desta vila, que também deixaram de ter condições para tanta criança.

Então, aqueles que não conseguiam lugar nas Escolas Oficiais (e muitas eram infelizmente) recorriam às «Escolas» das colectividades que nem sempre reuniam o mínimo de condições para leccionar, ou a particulares, na maioria mal preparados para o fazer, onde as crianças ficavam «presas» durante o dia e iam aprendendo o «ABC».

Somente a 6 de Maio de 1941, em Sessão de Câmara, o município moitense deliberou dotar a Baixa da Banheira com um Posto Escolar que funcionou, no ano lectivo seguinte, numa casa de Manuel Moreira da Silva (Manuel Custódio) de que foi regente Hermínia da Conceição Barão.

(…)


Entretanto a edilidade moitense, logo em 13 de Junho de 1941, deliberou em Sessão de Câmara, pedir ao Ministério da Educação um novo Posto Escolar, indicando para seu regente Emília Abrantes, o qual viria a funcionar na sua própria residência, que fora adaptada para tal fim, uma casa na Estrada Nacional recentemente demolida.

Em Agosto de 1950, a Câmara deliberou, em Sessão daquela data, expropriar, a Manuel António Moreira Júnior, terreno para a construção duma escola primária, em virtude do elevado preço que aquele proprietário exigia na venda que lhe fora proposta. Cremos que a expropriação não foi concretizada pois, em 25 de Maio do mesmo ano, a Câmara comprou a Manuel Vicente da Silva, entre as ruas 27 e 29 (hoje ruas António Sérgio e Padre José Feliciano) 1.999 metros quadrados de terreno a 15$00 cada metro quadrado.

A «Escola» construiu-se, mas o problema da falta de escolas não encontrou solução e por isso, em 3 de Janeiro de 1959 o correspondente local de «O Setubalense» denunciava neste jornal a situação caótica em que o ensino primário era ministrado na Baixa da Banheira onde, em determinada «Escola» 120 crianças «aprendiam» numa sala que tinha apenas 36 metros quadrados!

Em 1960, na altura do ano escolar, existiam nesta terra dois postos de ensino e duas escolas que perfaziam 14 salas de aula para comportar 900 alunos de ambos os sexos, leccionados por 23 professores e regentes.

in "A Baixa da Banheira até aos nossos dias", José Rosa Figueiredo, 1979
imagem retirada de "Baixa da Banheira - contributos para a sua História", José Rosa Figueiredo

6 comentários:

Carlos (Brocas) disse...

Coincidências....

joao figueiredo disse...

?

[o seu post relembrou-me das notas que para aqui tinha guardadas]

Anónimo disse...

Controlaram e aniquilaram (PCP) quer o movimento cooperativo quer o movimento associativo, hoje escapa-vos ocontrolo, vão-se os anéis fiquem os dedos e a cabeça do grande polvo.

Anónimo disse...

O Comunismo capitalizou-se e deixou o cooperativismo na gaveta, a Margem Sul é o exemplo máximo do aburguesamento e empresarialização destes dirigentes comunistas.

Salvador in www.a-sul.blogspot.com

Carlos (Brocas) disse...

Dai as coincidencias caro João.
Eu o que tenho é mais de memória, coisas qu efalo com o meu Pai etc.
Ainda hoje, ali junto ao Solar do Trigo, estiemos a relembrar onde era a escola da Dª. Herminia, dividida empara menimas e para meninos, onde se comprava o leite etc etc.

joao figueiredo disse...

então não foi uma coincidência.

a d. hermínia faz parte da história da baixa da banheira. eu nunca fui seu aluno, mas fui muitas vezes à sua papelaria, e ainda há poucos dias passei por lá comprei um jornal e tirei umas fotografias (de que não gosto, e por isso não as mostro).

a minha memória leva-me até meados dos 70, por isso tenho muitas vezes que me socorrer do que há escrito. falta-me o tempo para tentar algumas conversas com algumas pessoas já com alguma idade, e que guardam memória de histórias sobre esta terra, e já tenho 2 ou 3 mais ou menos pensadas.