2006-11-24

Estou certo que o António Gonzalez não se importará que eu aqui transcreva grande parte de um artigo que publicou no Jornal da Moita de ontem, mas creio que é importante para conhecermos a história desta terra em que hoje vivemos:

“A história de um território resulta da relação constante, entre a Natureza e seus ecossistemas e os Povos, que para nele viverem e progredirem usaram a tecnologia disponível, na sua época e o “saber fazer” passado de geração em geração.

O clima mudou ao longo dos séculos e o nível da água do mar e dos rios alterou-se, subindo ou descendo dezenas de metros, modificando as paisagens, cobrindo ou expondo vales e planuras. Estes, com as suas particularidades geológicas, revelam rochas, minerais e solos de diversa composição e utilidade energética, agrícola e industrial.

A história dos povos ao longo dos milénios, nos territórios ribeirinhos da Moita, Barreiro e Montijo, foi moldada pela presença de florestas, matos e zonas húmidas, onde a riqueza em bivalves, moluscos, peixes, aves e mamíferos permitiu a vivência de pequenas comunidades humanas praticantes da caça, pesca e recolecção, ou seja, recolha daquilo que a natureza oferece e é comestível.

Nos seus acampamentos de há mais de 30.000 anos, afiados utensílios de pedra, e vestígios do seu próprio fabrico, mostram-nos que deveriam acampar periodicamente em certos locais estratégicos, deslocando-se para outros quando se esgotavam os recursos dos primeiros.

O utensílio mais antigo da nossa zona foi encontrado numa praia fóssil, situada perto do cemitério do Vale da Amoreira e datado de há perto de um milhão de anos, contemporâneo com os mais antigos vestígios de actividade humana na Europa.

Com a revolução trazida pela agricultura e pastorícia, associada à descoberta da cerâmica, as comunidades humanas tornam-se sedentárias e fixam-se em locais como o Gaio Rosário, a Moita, e a Ponta da Passadeira no Lavradio, desde há 6.000 anos, aproveitando também a lenha de pinheiros, cujas raízes ainda se conservam, e o barro local para produzir recipientes cerâmicos para os mais diversos fins.”


A terminar o post, não posso também eu deixar de reclamar pela criação de um espaço museológico municipal, onde estes artefactos possam ser guardados, estudados e expostos, para usufruto comum.

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