Ando desde há alguns anos a tentar fotografar o Concelho, e confesso que muitas vezes sou atraído pelo lado fácil. Lá dou comigo a fotografar largadas na Moita e no Rosário, e o Carnaval de Alhos Vedros (e até gostava de saber até que ponto é que os alhosvedrenses se revêem no seu corso). Normalmente arrependo-me, mas volto a tentar mais tarde.
Na Baixa da Banheira não encontrei nenhum evento tão aglutinador como as festas. Dias seguidos de musica parola, farturas e carrosséis, e como se não bastasse, tudo em honra de um santo operário. E para mim não chega mesmo. Cada vez mais me convenço que o que caracteriza uma terra é o seu quotidiano, e esse não é só de festas.
O Fórum Cultural poderia ser esse factor identificador, quando fizer parte do quotidiano dos banheirenses (e falo no futuro porque sou optimista por natureza), assim se trabalhe para isso.
A caminhar para o primeiro ano de existência, continua por resolver a questão da cedência do espaço do Café Concerto e Esplanada. Uma vez que não se apresentam privados a concurso, ou se alteram a condições do concurso, ou o Câmara ela própria avança para a exploração do espaço. Parece-me que um espaço com a aquelas características, propícias à realização de pequenos eventos, ao convívio e ao lazer, não pode passar mais um ano encerrado.
Mais importante ainda é a participação activa dos banheirenses na programação, produzindo e promovendo os seu eventos. É que um Fórum Cultural é um instrumento muito diferente de uma sala de espectáculos, e nem se reduz ao seu espaço físico. Sei que já se realizaram alguns espectáculos de raiz local (o do Miguel Patrício foi mesmo um êxito a que tenho muita pena de não ter assistido). Sei que estão previstos mais algumas actividades, mas ainda não é suficiente, porque o Fórum ainda não faz parte do quotidiano dos banheirenses, e quando o fizer fará toda a diferença!
15 comentários:
Concordo plenamente contigo João. Posso contar aqui um episódio passado no dia das comemorações do aniversário de elevação a Vila. Um dos elementos do grupo convidado para actuar no Fórum OPPOENTE (penso que se escreve assim), ao falar comigo dizia que só lamentava que um espectáculo num local com aquela dignidade tivesse pouca assistências e alguém respondeu assim- quando é a pagar vêm mais gente. Cabe-nos a nós tentar inverter esta situação. Cabe-nos a nós tentar levar mais pessoas aquele espaço de reunião. A situação do café concerto deve ser resolvida o mais rápidamente possivel. Não sei muito bem o que se possa fazer para levar mais gente ao Fórum, mas é um assunto para reflectir.
esse espectáculo é outra coisa de que falarei aqui um destes dias, mas proponho já que para o ano se faça algo com a "prata da casa".
Caro JF,
Uma sugestão grátis, que só apanha quem quiser: deixe lá as largadas e o Carnaval. Isso já toda a gente conhece e fotografou. Em Alhos vedros , também é tempo de deixar o pelourinho, o moinho de maré e a Igreja repousarem um pouco.
Fotografe as pessoas, os lugares, os espaços, aquilo que faz todos os dias a identidade de uma terra.
Fotografe a natureza que resta como o JJCN.
Fotografe o que pode vir a desaparecer.
Se eu fosse fotógrafo que se aproveitasse era o que faria, pois outras coisas já há quem as faça e até eu já as fiz, na medida das minhas limitações.
Agora concretizo.
Concordo no essencial com o texto.
Mas a "prata da casa" parec muitas vezes não ter motivação, e sobretudo meios para chegar mais longe. Talves falte um plano (não muito centralizado) de apoio à criação. Espaços de ensaio, improvisação, ateliers. Aproveitar casas devolutas na Baixa da Banheira, levar a que as colectividades deixem aproveitar os seus sub-aproveitados espaços. Dou um exemplo, o salão do Ginásio é um espaço tristemente sub-aproveitado. Que tal os antigos mercados servirem para espaços de criação, tipo Palais Tokyo em Paris (ressalvando as diferenças de escala). Estão completamente abandonados, jovens artistas poderiam dar-lhe uso. E tudo isto também cria públicos.
Desde já reservo um post a publicar no falta papel sobre este assunto.
não concretize só agora, mas sempre!
E até concretizou bem, aproveitar os espaços abandonadas e/ou mal aproveitados é a melhor solução, e até se lembrou dos mercados. Pelo menos para o da zona norte já ouvi o Daniel a defender a mesma ideia. Quanto ao salão do Ginásio, não tenho a ideia que esteja assim tão desaproveitado. Que eu saiba existem por lá actividades diárias próprias da colectividade, e tambem era (não se se se mantem) utilizado para ensaios de um grupo de teatro amador.
Existem muitos espaços na Vila, haja vontade de os aproveitar. Tambem por isso escrevi que um Fórum Cultural não se reduz ao seu espaço físico
Caro AV1,
as boas ideias são sempre bem vindas.
Neste momento o meu interesse fotográfico principal é o quotidiano urbano/suburbano. continuo a achar que a minha vontade se sobrepõe ao meu (pouco) talento. Como se trata de um hobby que ocupa muito tempo e não pouco dinheiro, vou andando por aí calmamente, sempre com uma máquina na mão para onde quer que vá.
"Tambem por isso escrevi que um Fórum Cultural não se reduz ao seu espaço físico" - concordo. Porque senão qualquer dia teremos uma situação de bilhetes subsidiados para espectáculos que são feitos aqui ou noutro lado qualquer, independentemente da sua qualidade.
Quanto ao tal grupo de teatro amador. Infelizmente não tenho notícia de encenações deles. Talvez o problema seja só meu neste caso.
É um excelente assunto!
Acho que pode ser o primeiro paço para um raciocinio à volta da forma com que todos nós podemos contribuir. Acho que a primeira analíse que temos que fazer é "qual a melhor maneira de fazer com que os banheirenses participem na vida cultural banheirense?". Penso que o sucesso passa por aproximar as iniciativas às pessoas e não as pessoas às iniciativas. Criar hábitos leva tempo, a nossa população é muito heterogénea em termos não só culturais como também de idades. Um outro factor a ter em conta passa por a maioria da nossa população, trabalhar longe de casa e também, a um numero cada vez maior de distrações que cómodamente temos em casa. A vida social mudou drásticamente e nós próprios somos testemunhas disso. Pois quem não se actualizou continua agarrado às tabernas (sem ofença), onde sempre encontrou o seu meio. A população mais nova é mais exigente (pois tem tudo), mas anda perdida e distraída em coisas que para eles sempre existiram. Saiem mais à noite do que antigamente, é certo, mas tenho receio que essa vida social não passe de um convívio tipo "passa tempo" em tabernas sofisticadas. Para trazer de novo a população à acção social é preciso surpreender esta, dentro da sua area cultural ou em algo completamente diferente e fascinante que desperte os sentidos. Temos por exemplo um caso para isto, há alguns anos quando apareceu o cinema nesta terra, era algo que nunca ninguem tinha visto e atingiu todos os estratos sociais pela posiva ao estilo de "cinema Paradiso". Pensamos errado quando julgamos que já não há nada que nos surpreenda, veja-se o caso do sucesso que é o FIAR em Palmela. Começou por ser pequeno e agora é um expoente cultural Nacional. Quem já lá foi verificou que novos e velhos ficam surprendidos com aquelas coreografias de luz, cor e fantasia. Existe muita coisa que se pode fazer na baixa da banheira, temos áreas de lazer, de fazer inveja a muita altarquia e temos gente multi-cultural capaz de fazer desta terra o nosso orgulho que é.
O "nosso orgulho" constrói-se e ainda está por ir construindo.
Gosto de mentes desassossegadas e inconformadas, mas admiro mais as que apresentão ideias concretas e dão a cara por elas.
Tou contigo Luis, é muito fácil para alguns andarem por aí no anonimato com provocações e insinuações mas, cada um sabe qual o caminho que escolhe.
É só rir, só rir...
Daaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh !
Ontem mandei também um comentário que não foi também publicado, se o Banheirense diz que houve problemas técnicos, parto do princípio que é verdade !
Luís Guerreiro
O que te dá vontade de rir av1?
Já te li a queixares-te do mesmo, nessa altura não te li o riso.
Enviar um comentário