Lusíadas da Nossa Terra!
Pranto Primeiro
As damas e os varões recenseados
No Ocidental bairro lusitano
Em parte alguma ultrapassados
Em vinte anos só, o que convence
Que em extensão e progressos esforçados
Ser mais que freguesia lhe pertence,
Entre gente heterogénea edificaram
Novo bairro que os anos conspurcaram.
Pranto Segundo
Mas vós ó burgo triste, malfadado,
tendes em mim um defensor ardente,
P'ra sempre em verso humilde, celebrado,
Pedir à entidade competente:
Esgotos, pavimento calcetado,
Praças, jardins, mercado, água corrente,
P'ra que o nosso povo humilde, obreiro
Não deserte p'ra vila do Barreiro.
Pranto Terceiro
E também em memórias gloriosas
Eu escreverei p'ra todos dilatando
A história destas ruas pantanosas,
Que pelo bairro fora vão formando
Lagoas esverdeadas, asquerosas
E lixo que se vai amontoando.
Cantando espalharei por todo o lado
Que este bairro é triste e malfadado!...
Pranto Quarto
Põe tu Moita em efeito o meu desejo
Como merece a Baixa da Banheira
E dá a esta terra, à beira do Tejo,
O que ela necessita, de maneira
A ser a freguesia que antevejo,
Enorme, majestosa e astaneira...
Se não direi que tens um certo medo
Que a Sede p'ra cá passe tarde ou cedo!
Publicado no "Jornal do Barreiro" em 26 de Março de 1959, este texto pertence também ao "Coteveladas", uma recolha de textos sobre a Baixa da Banheira de José Rosa Figueiredo, publicado em 1986 pela Junta de Freguesia da Baixa da Banheira.
Esta deriva pela nossa história não é alheia à visita a Alhos Vedros que ontem, com prazer, acompanhámos com os Amigos da História Local.
2 comentários:
tá muito engraçado, a riqueza poetica lusitana também existe na nossa terra.
Palavras para quê?
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