2006-08-29

Ainda existe quem queira declarar a morte da ideologia. Colocam fronteiras artificiais entre esquerda e direita, entre chefes e trabalhadores, entre capitalismo e socialismo. Deslocam as fronteiras a seu belo prazer para apontar aqui e ali erros que apresentam como a prova do fim da ideologia. A ideologia não morreu, por vezes perde força mas não morreu. Vivemos num sistema neo-liberal (portanto ideológico). As lutas de massas levam a vitórias (cada vez menos) e a algumas derrotas mas, elas existem e são a prova da força da ideologia. As contradições são mais do que evidentes. Comunistas a trabalhar com sociais democratas (aliás, como várias vezes o fizeram), comunistas a trabalharem com capitalistas mas, são elas que clarificam, que ajudam a perceber o mundo de hoje. A dialéctica, a contradição é o motor do avanço, do progresso. A palavra-chave é consciência, a consciência de classe. A divisão situa-se algures entre quem depende de um salário, ou melhor, quem vende o seu trabalho e quem o compra. Entre quem defende que os salários sejam mais elevados e os serviços e bens essenciais sejam acessíveis a todos. A divisão prende-se entre quem defende uma distribuição de riqueza mais abrangente e entre quem defende a concentração de riqueza. Está aqui a fronteira entre esquerda e direita, no entanto, alguns personagens, geralmente colocados no pantâno do centrão pendem para os dois lados (o pender não é defender uma posição, porque eu concordo com uma ou outra da direita) à medida das conveniências. Mas mais uma vez é a consciência que talha a correlação de forças e essa é moldada pelo meio onde vivemos. A ideologia não morreu, apenas está adormecida em algumas consciências. Perante dois modelos de sociedade, e ambos com virtudes e defeitos, a consciência leva-nos a optar pelo que defendemos. Não é a ideologia que define os destinos, é a consciência que guia a humanidade. A ideologia está ou não está na nossa consciência. A fronteira entre a esquerda e a direita está deslocada e atenuada pela falta de consciência, pela afirmação do centrão, pela falsidade que nos foi passada de que é correcto não reivindicar e as manifestações são erradas. A consciência leva-me a crer que os mesmos que enterram a ideologia ainda a ressuscitarão, quando for oportuno mas, aí muitas dúvidas serão esclarecidas e muitas consciências despertarão.

1 comentário:

Anónimo disse...

A ideologia está ou não está na nossa consciência.

ERRADO.
A ideologia infelizmente foi e é martelada (nenhuma tentativa de associação imagética) nas consciências, coartando-lhes a liberdade de serem críticas.