2006-08-31

As minhas primeiras memórias da Festa do Avante! ficaram retidas na mole humana que se juntou na FIL em 76. Tinha eu então 4 anos e percorri aquele espaço sentado nos ombros do meu pai.

Dos 2 anos passados no Jamor guardo a primeira vez que acampei na Festa e o calor sufocante. Para lá da memória fica o Chico Buarque que me habituei a ouvir nos LP’s que existiam lá em casa, e que hoje é um dos meus favoritos.

É já na Ajuda que mais pormenores guardo, não só pelos 7 anos em que a Festa por lá se aguentou, mas também porque a idade de então assim já o permite. De todos os locais que a festa percorreu este é, na minha opinião, o mais belo, e em parte devido àquele anfiteatro natural em que o Palco 25 de Abril estava implantado. Foi aí que vivi alguns concertos que me marcaram e que foram formando o meu gosto musical. A título de exemplo, lembro-me de ter assistido uma noite ao meu primeiro concerto dos Trovante. No dia seguinte comprei o LP do “84”, logo ali na Feira do Livro de do Disco, que durante anos tocou num gira-discos portátil que por esses dias trocou a sala de casa pelo meu quarto. Ainda hoje sei as letras de cor e muitas das suas canções acompanham-me diariamente no leitor de mp3 que comigo atravessa o Tejo. Mas da Ajuda ficam também as memórias das primeiras vezes em que também dei o meu contributo para a implantação da Festa, ajudando nas pinturas dos pavilhões, ou da primeira vez que lá acampei sozinho, ou ainda alguns episódios curiosos, como os momentos agradáveis que passei a deslizar encosta abaixo juntamente com a outra criançada que, como eu, aproveitavam a lama deixada pelas chuvadas. A Cidade Internacional estava então no seu auge por lá passava sempre algum tempo, quer seja a petiscar qualquer coisa, ou a procurar mais alguns selos para a colecção que então juntava, ou apenas à procura do contacto de gentes de outras paragens.

Da permanência da festa em Loures, a pior de todas as localizações da festa, ficou-me um dos melhores concertos a que já assisti. Os Xutos & Pontapés numa noite memorável! Nesta altura montava a tenda à 5ª feira, dava uma ajuda na montagem da Festa e voltava a casa apenas na 2ª, já com saudades.

Com a compra da Quinta da Atalaia através de uma campanha de fundos que rapidamente reuniu 150 mil contos, ficou mais uma vez demonstrado todo o carinho que os militantes comunistas nutrem pela Festa do Avante! O novo espaço, agora definitivo permitiu a instalação de uma estrutura fixa, poupando trabalho a todos os muitos que anualmente se ocupam a erguer a Festa.

Foi nos seus palcos que conheci a musica dos Cool HipNoise, Primitive Reason, Clã, Tina & The Top Ten, Repórter Estrábico, Pop Dell’Arte ou dos Telectu, e vi concertos do Jorge Palma, Sétima Legião, Madredeus, Da Weasel, Rádio Macau, Sérgio Godinho, Belle Chase Hotel, Blasted Mechanism, Gaiteiro de Lisboa, Maria João & Mário Laginha, ou da Orquestra Metropolitana de Lisboa, entre muitos outros, alguns dos quais nos pequenos palcos que se encontram pelo recinto. A Bienal de artes plásticas é também um espaço que procuro não perder, assim com as exposições especiais como aquela em que apreciei o trabalho de Oscar Niemeyer. Estou em falha com o Avanteatro, raramente por lá passei. Com os anos fomos criando alguns pontos favoritos, os quais vamos percorrendo num desfile que talvez já tenha algo de ritual. Ao sábado procuramos almoçar o Arroz de Cabidela no Porto, procuramos a Poncha da Madeira e seguimos para a Feira do Livro. Na sexta-feira à noite noite, e antes dos concertos, a passagem pelo Moscatel de Palmela é obrigatória. Com os anos, e o emprego depois da faculdade, fomos deixando de lá acampar, mas passados uns anos de interregno, nesta edição volto a dar umas horas de trabalho à Festa e ao Partido.

No ano passado tive o prazer de poder acompanhar fotografando todo o trabalho de implantação da Festa do Avante, desde o primeiro dia, 1 de Junho, até ao último, 2 de Setembro. Eu, e os outros com quem levei avante esta tarefa, pudemos assistir à dedicação de quem ano após ano ali permanece as durante as suas férias, ou quem lá aparece todos os fins de semana durante os meses de calor tórrido. Tudo em nome do “Colectivo” que alguns não querem perceber que se constrói de individualidades.

Amanhã lá estarei novamente e, pela primeira vez, com o meu filho.

2006-08-30

O Cais de Desmantelamento de Alhos Vedros só está em actividade nesta freguesia por concessão da Administração do Porto de Lisboa.

Em cesur.civil.ist.utl.pt/~ams/GU_NET/Regulamento.pdf podemos entender qual a postura da autarquia e verificar mais uma vez que o ponto verde, ou melhor, Doutor Ponto Verde é um mentiroso e um cobarde ao serviço de interesses partidários que nem sequer tem coragem de assumir.

Por hoje, encerro a discussão, mas não a enterro, até porque ainda não estou convecido da veracidade de outras informações prestadas por outros blogueiros, mais idosos, e concerteza com mais falhas de memória do que eu.
No A Sul, do estimado Ponto Verde, http://a-sul.blogspot.com , surge um post que directamente acusa a Câmara Municipal da Moita de ser a responsável pelo Cais de Desmantelamento de Alhos Vedros. Nem sequer fala na Administração do Porto de Lisboa e na Capitania do Porto de Lisboa. É mais uma prova de que o amigo ambientalista/terrorista político/vendedor de banha da cobra, está numa missão desenfreada para atacar sem nexo e sem sentido as autarquias geridas pela C.D.U.. Até compara o concelho com a India. Registo feito também ao comentário do Av1 que acusa as autarquias e os partidos da coligação (PCP e PEV) de não mobilizarem as populações para esta luta. Eu daqui lanço-lhe um repto, e que tal um movimento de cidadãos, como tanto gosta, para exigir aos verdadeiros responsáveis que retirem o Cais de Alhos Vedros e do Estuário. Se criar o movimento e se tiver estes propósitos vai ter muito apoio. Já o vi a apoiar movimentos e a dizer que a via é esta, tem agora a oportunidade de ocupar espaço cívico. Deposito esperança no seu esforço. Resolva-nos o problema.

2006-08-29

Ainda existe quem queira declarar a morte da ideologia. Colocam fronteiras artificiais entre esquerda e direita, entre chefes e trabalhadores, entre capitalismo e socialismo. Deslocam as fronteiras a seu belo prazer para apontar aqui e ali erros que apresentam como a prova do fim da ideologia. A ideologia não morreu, por vezes perde força mas não morreu. Vivemos num sistema neo-liberal (portanto ideológico). As lutas de massas levam a vitórias (cada vez menos) e a algumas derrotas mas, elas existem e são a prova da força da ideologia. As contradições são mais do que evidentes. Comunistas a trabalhar com sociais democratas (aliás, como várias vezes o fizeram), comunistas a trabalharem com capitalistas mas, são elas que clarificam, que ajudam a perceber o mundo de hoje. A dialéctica, a contradição é o motor do avanço, do progresso. A palavra-chave é consciência, a consciência de classe. A divisão situa-se algures entre quem depende de um salário, ou melhor, quem vende o seu trabalho e quem o compra. Entre quem defende que os salários sejam mais elevados e os serviços e bens essenciais sejam acessíveis a todos. A divisão prende-se entre quem defende uma distribuição de riqueza mais abrangente e entre quem defende a concentração de riqueza. Está aqui a fronteira entre esquerda e direita, no entanto, alguns personagens, geralmente colocados no pantâno do centrão pendem para os dois lados (o pender não é defender uma posição, porque eu concordo com uma ou outra da direita) à medida das conveniências. Mas mais uma vez é a consciência que talha a correlação de forças e essa é moldada pelo meio onde vivemos. A ideologia não morreu, apenas está adormecida em algumas consciências. Perante dois modelos de sociedade, e ambos com virtudes e defeitos, a consciência leva-nos a optar pelo que defendemos. Não é a ideologia que define os destinos, é a consciência que guia a humanidade. A ideologia está ou não está na nossa consciência. A fronteira entre a esquerda e a direita está deslocada e atenuada pela falta de consciência, pela afirmação do centrão, pela falsidade que nos foi passada de que é correcto não reivindicar e as manifestações são erradas. A consciência leva-me a crer que os mesmos que enterram a ideologia ainda a ressuscitarão, quando for oportuno mas, aí muitas dúvidas serão esclarecidas e muitas consciências despertarão.

2006-08-28

"Mas isso é disparatado!"
por Georges Galloway
entrevistado pela Sky News

Jornalista: O homem que temos hoje connosco não tem por hábito guardar as suas opiniões para si próprio. Opôs-se com determinação à invasão do Iraque e actualmente defende que o ataque do Hezbollah contra Israel se justifica; o deputado do Respect (um partido político) de Bethnal Green (Londres) está connosco no nosso estúdio no centro de Londres. Boa noite… ou aliás, bom dia Sr. Galloway. Como é que justifica o seu apoio ao Hezbollah e ao seu líder, Cheikh Hassan Nasrallah?

Deputado Galloway: Que disparate! Que absurdo! Que maneira tão estúpida de expor o assunto e que pergunta tão falsa e idiota! Há 24 anos, no dia do nascimento da minha filha – acabo de celebrar o seu 24º aniversário – corria eu para o hospital (para a ver nascer) por entre uma enorme manifestação em Londres contra a invasão e a ocupação israelense do Líbano. Israel invadiu e ocupou o Líbano durante toda a vida da minha filha de 24 anos. O Hezbollah faz parte da resistência nacional do Líbano e tenta expulsar – tendo afastado com sucesso a maioria dos israelenses das suas terras em 2000 – Israel do resto das suas terras e resgatar milhares de prisioneiros libaneses que foram sequestrados por Israel nos termos da sua ocupação ilegal do Líbano. É Israel que ocupa o Líbano, é Israel que ataca o Líbano, não é o Líbano que ataca Israel. Vocês acabam de passar uma reportagem em que 10 soldados se apressam a invadir o Líbano e pedem-nos para chorar o resultado da operação, como se se tratasse de um crime de guerra (NdT: os soldados israelenses são mortos). Israel está a invadir o Líbano e matou 30 vezes mais civis libaneses…

Jornalista: (tentando interrompê-lo) Você acaba de identificar…

Deputado Galloway: (tomando de novo a palavra com vigor) …que não foram mortos em Israel. Parece-me que deveria ser você a justificar o preconceito evidente que está escrito em todas as linhas do seu rosto e inscrito em todas as nuances da sua voz e que obstrui todas as perguntas que faz.

Jornalista: Você tocou na questão essencial, não é assim? Quando diz que o Hezbollah foi criado nos anos 80 para se livrar dos soldados israelenses que estavam presentes no solo libanês, e como disse agora (NdT: ela faz questão de realçar) isso foi feito, também, já em 2000…

Deputado Galloway: Não, isso não foi feito…

Jornalista: (interrompendo) …Então, isso foi um fracasso…

Deputado Galloway: Não, isso não foi feito, e esse é um aspecto essencial que vocês escondem aos vossos telespectadores. Israel foi obrigado a deixar uma grande parte do Sul do Líbano em 2000, mas continua a ocupar parte do Líbano desde 2000…

Jornalista: (interrompendo) …O objecto de uma recente resolução da ONU são terras de cultivo…

Deputado Galloway: (continuando) … Milhares de prisioneiros foram sequestrados por Israel, e o Hezbollah, bem como o Governo libanês querem que eles sejam libertados…

Jornalista: (interrompendo) … Falei há instantes com o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros israelense e ele disse que três libaneses foram “capturados”, talvez você prefira este termo, e que serão levados perante um juiz num tribunal.

Deputado Galloway: Por favor! Tente fazer a sua memória recuar além de 4 semanas! Eu estou-lhe a falar de milhares de prisioneiros sequestrados durante os 18 anos de ocupação ilegal do Sul do Líbano por Israel. São esses prisioneiros que devem ser libertados em troca dos soldados israelenses que foram capturados no início desta nova etapa da crise.

Jornalista: Posso questioná-lo sobre uma reportagem que saiu no Sunday Telegraph em que se afirma que o Irão deu ao Hezbollah mísseis de longo alcance capazes de atingir qualquer parte de Israel? O Irão, que segundo esse deputado iraniano, ajudou a fundar o Hezbollah… esse deputado disse ainda que o Irão deu autorização à organização para atingir Tel-Aviv… Acha que pode culpar Israel por querer destruir esses mísseis?

Deputado Galloway: Mas é incrível! Isso é completamente absurdo! Os Estados Unidos deram a Israel mísseis que podem atingir, não apenas qualquer cidade do Líbano, mas sim qualquer cidade em todo o mundo árabe incluindo o Irão. Por que razão terão os Estados Unidos direito de dar mísseis de longo alcance, incluindo centenas de cabeças nucleares, a Israel, e o Irão não pode ser autorizado a fornecer mísseis? …

Jornalista: (interrompendo) … Porque os estão a dar a uma organização terrorista!

Deputado Galloway: Mas ela não é uma organização terrorista, a não ser na visão da SKY (News), do The Times, do The Sun (ele é interrompido) …

Jornalista: Não, não, isso não é assim… Desculpe, mas vou ter de o interromper Sr. Galloway…

Deputado Galloway: (ele continua) … do The News of the World de Rupert Murdoch. O Hezbollah não é uma organização terrorista, é Israel que é um Estado terrorista!

Jornalista: É uma organização terrorista, sim. Mas aqueles que são terroristas para uns, são combatentes da liberdade para outros… isso já sabe! Aos olhos da maior parte das pessoas, eles são considerados terroristas…

Deputado Galloway: Não. Eles não são!

Jornalista: Eles tinham escolha, não é assim? Diga-se a verdade, eles tinham opção, tal como o IRA, de fazer política…

Deputado Galloway: Não, não, não, isso não tem nada a ver com o IRA! Escute Ana, você tem razão, você tem razão…

Jornalista: (interrompendo-o) O que eu estou a dizer é que eles tinham uma opção: fazer política, eles já têm dois ministros no Governo…

Deputado Galloway: Não vamos mais discutir este assunto! Ana, você tem razão, aquele que é um terrorista para uns, é um combatente da paz para outros… No entanto, não tem razão quando diz que aos olhos da maior parte das pessoas, o Hezbollah é terrorista. Aos olhos da maior parte das pessoas, Israel é um Estado terrorista, e é isso que você não consegue compreender… e que está na origem do vosso preconceito urdido em todas as vossas reportagens e em todas as perguntas que me fez nesta entrevista.

Jornalista: …Posso lhe fazer uma pergunta? … Eu fazia alusão ao IRA e ao Sinn Fein que decidiram abraçar a política; o Hezbollah tinha a oportunidade de abraçar a política, eles já têm dois ministros no Governo, muito bem vistos no Sul…

Deputado Galloway: (ele interrompe-a) Mas o que é que está a dizer? Eles já fazem parte da política! São pessoas do Sul do Líbano…

Jornalista: Era o que eu estava a dizer… Escute-me! Eu dizia que eles já têm dois ministros no Governo. Por que razão é que eles capturaram e mataram dois soldados israelenses na fronteira? Certamente isso representa um fracasso na ambição que eles têm de se tornarem uma força política no interior do Líbano democrático…

Deputado Galloway: Porque Israel ocupa o país deles e detém milhares dos seus compatriotas, como reféns sequestrados, nos seus calabouços. É muito simples de compreender, a não ser que pense através de um relógio que remonta a apenas quatro semanas… Se você soubesse, e você já é suficientemente crescida para estar mais bem informada, que as origens destes conflitos não remontam a quatro semanas, nem a quatro anos, nem a catorze anos, mas a vários decénios. Vocês querem que as pessoas acreditem que a crise se iniciou quando o relógio começou a trabalhar na SKY News…

Jornalista: Não, não é assim…

Deputado Galloway: …Felizmente, os libaneses estão mais bem informados.

Jornalista: Queria fazer-lhe uma última pergunta. Acha que as quatro semanas, como referiu, os 26 dias do conflito, retardaram as ambições do Hezbollah…

Deputado Galloway: (Galloway sorri) O Hezbollah está prestes a ganhar a guerra!

Jornalista: … Deixe-me terminar, deixe-me terminar, deixa-me terminar, ou não? Há um grande número de soldados irsraelenses na fronteira, e eles (o Hezbollah) pretendem ser uma boa organização política para construir um governo libanês democrático com uma (…) que deixou igualmente um estado independente, isso também perpetrou as agressões…

Deputado Galloway: Que pergunta idiota! Como você é tola! O Hezbollah está prestes a ganhar a guerra! Pode ver isso na segunda metade do ecrã!

Jornalista: Essa não é a minha pergunta!

Deputado Galloway : O Hezbollah é hoje mais popular no Líbano entre os cristãos, os sunitas, os xiitas, entre todos os árabes, entre todos os muçulmanos, como nunca foi antes! Foi Israel que perdeu a guerra, e com ele, Bush e Blair, por terem organizado esta guerra politicamente. Eles perderam do ponto de vista político. Esta é uma derrota para Bush, para Blair e para Israel, só você é que não vê isso!

Jornalista: Deixe-me retomar a minha pergunta de há pouco… não acha que é um fracasso, dado que o Hezbollah foi criado para retirar os soldados israelenses do território libanês, que agora ele tenha mais soldados israelenses no território libanês do que há vinte dias atrás?

Deputado Galloway: Em todo o caso, parece-me que eles estão a receber uma boa sova sagrada na outra parte do ecrã que estou a ver. Talvez você não consiga ver, mas eu estou a ver que eles estão a ser bem fustigados nesta guerra… Se isso é uma vitória, não sei o que se pareceria com uma derrota… A verdade é que este conflito se vai perpetuar. As resoluções das Nações Unidas não regulamentam nada. Não dão nada ao Líbano, não dão nada aos prisioneiros das masmorras israelenses, e como um dos meus pares já chamou a atenção, Israel acaba de capturar ainda mais personalidades políticas palestinianas: ministros, deputados e milhares de outros continuam retidos nos calabouços israelenses, e esta guerra vai continuar até que se chegue a um acordo, e esse acordo significa a retirada de Israel de todos os territórios usurpados que ele ocupa actualmente desde a guerra de 1967, a libertação de todos os prisioneiros políticos, bem como um Estado palestiniano tendo por capital Jerusalém Este. Não há justiça, não há paz! Não ficará sem trabalho tão de pressa, enquanto jornalista, em Jerusalém, acredite!

Jornalista : Como de costume, o Sr. Galloway provocou uma enorme reacção via e-mail, tanto a favor como contra si. Vamos acabar por aqui, mas devo dizer-lhe que muitas pessoas acharam as suas declarações chocantes, pois encontram-se ainda a enterrar os seus mortos, ouviram-no dizer que isto era uma boa fustigação sagrada…

Deputado Galloway: Vocês estão-se nas tintas! Vocês querem lá saber disso! Vocês não sabem nada das famílias palestinas. Vocês nem sequer sabem que elas existem! Dê-me um único nome de um único membro daquela família de sete pessoas que foram massacradas na praia de Gaza por um navio de guerra israelense! Vocês nem os nomes delas sabem, mas sabem perfeitamente todos os nomes de cada soldado israelense que foi feito prisioneiro durante este conflito, porque acreditam, consciente ou inconscientemente, que o sangue israelense é mais importante do que o sangue dos libaneses ou dos palestinianos. É essa a verdade, mas o discernimento dos vossos telespectadores já o sabe.

06/Agosto/2006

[*] O vídeo encontra-se em http://www.youtube.com/watch?v=-brkmfrxrQY

A transcrição em francês encontra-se em www.convergencedescauses.com/
Tradução de Rita Maia.

Esta entrevista encontra-se em http://resistir.info/ .

2006-08-27

A Junta de Freguesia efectua amanhã, segunda-feira 28 de Agosto, uma reunião publica às 21 horas no Salão da Junta de Freguesia.

O calendário das proximas reuniões pode ser consultado no site da junta.
Não é de hoje que penso que quando se vota numas eleições autárquicas faz-se uma escolha de uma lista composta por vários elementos e por um programa eleitoral que são fiéis ao património ideológico do partido que representam. Assim, o trabalho que os autarcas desenvolvem ao longo dos seus mandatos não deverá estar desfasado daquilo que são as orientações dos seus partidos, e é aconselhável que estes façam uma avaliação constante da acção dos seus eleitos.

O que tem acontecido é que alguns dos partidos portugueses tem pervertido este princípio com a “personalização” das listas. O eleitor passa a votar em fulano A ou fulano B antes de votar no programa C ou D, que raramente conhece, e com este fenómeno se vai mascarando a falta de implantação dos partidos, que vão garantindo vitórias com figuras mais ou menos mediáticas, sem que exista um trabalho de base previamente realizado. Esta personalização só poderá estar inerente às listas de cidadão independentes, sendo que na minha opinião até nesta situação é totalmente desaconselhável, não devendo nunca as personalidades sobreporem-se aos programas eleitorais.

Se algumas diferenças existem entre o PCP e outros partidos portugueses esta é uma delas. O PCP apresenta um colectivo e não apenas um cabeça de lista. No entanto, não ignoro que as personalidades apresentadas como candidatos às eleições sejam um factor relevante na escolha dos eleitores. O seu passado, o de toda a lista e não apenas o de um candidato, serve com forma de credibilização (da lista e do partido) perante os eleitores. Como corolário lógico desta argumentação, a substituição de um eleito, como foi o caso do Carlos Sousa em Setúbal, não devendo nunca ser a normalidade, não é ilegítima.
O Major Valentim Loureiro despede-se da presidência da Liga com o Caso Apito Dourado e o Caso Mateus na bagagem. É obra!

2006-08-23

Ingerências governativas

São vários os casos em que o nosso governo ultrapassa as suas competências, legitimamente atribuídas pelo povo português por meio do voto, obrigando coercivamente outras entidades eleitas e com a mesma legitimidade, a fazer exactamente o que o governo quer.
Passa-se um em Coimbra. Impõem a co-incineração. As populações lutam, a Junta de Freguesia de Souselas e a Câmara Municipal de Coimbra juntam-se às fileiras de indignados. A Câmara Municipal através de uma competência legítima proíbe a circulação de camiões que transportem resíduos perigosos na única estrada que garante acessibilidade à cimenteira. Discutível mas legítimo. O governo não concorda e retira-lhe esta competência particular, anulando uma decisão democrática.
Já em Setúbal prescinde da realização de um estudo de impacte ambiental, o que é contrário ao definido por lei. O governo põe e dispõe e coloca-se no plano nacional acima de todas as outras entidades. Ah, e por falar em Setúbal e, como já sei que me vão questionar sobre a saída do Presidente da Câmara, a minha opinião é que o Carlos agiu como deveria ter agido e respeitou aquilo porque sempre se norteou. O Partido Comunista Português entendeu que era necessária renovação e o Presidente Carlos respeitou a decisão de um colectivo que trabalhou sempre com ele, pondo o lugar à disposição do partido, tal e qual os estatutos que ele defende estabelecem. Gostei da análise do editor de política da SIC, muito correcta e serena. Entendo que a situação deve estar a ser muito difícil para Carlos e para o Aranha Figueiredo, mas a sua atitude é de louvar, a sua coerência mostra que são grandes homens. Espero que o programa eleitoral da CDU em Setúbal seja cumprido porque isso é que é importante, independentemente do elenco governativo, para que as populações sejam bem servidas. Também relativamente à inspecção do (IGAT) cujos os resultados ainda não foram comunicados à Câmara e já se sabem na Comunicação Social por fuga de informação, considero que o governo deveria actuar para que no futuro se comunique os resultados à entidade investigada e só depois se abra a torneira para a comunicação social. Considero também que as notícias que vieram a lume sobre suicídios de trabalhadores da Câmara Municipal de Setúbal foram feitas com base em falsidades. Uma delas referia os vencimentos dos trabalhadores, fazendo crer que estes eram estipulados pela Câmara quando são definidos por tabela e pelo governo. Usar desgraças para se retirar dividendos políticos é nojento.

2006-08-22


Este é o mar que os separa do "sonho europeu". Enquanto o atravesso num barco seguro de grande porte lembro-me que basta-me o passaporte vermelho, enquanto outros, gastam fortunas por um bote supra-lotado e ainda têm que enfrentar um adamastor que se duplica tambem em formas humanas reais. Fogem dum status quo que não conseguem reverter jogam o ganho de suas vidas nem que seja numa jangada. Procuram uma cultura que devoram através das suas parabólicas. Conhecem-nos pelos herois que também são os nossos: Figo, Ronaldo, Pauleta, Deco, Rui Costa etc,etc e assumem-no mesmo pelas camisolas que vestem. As crianças quando não estão a trabalhar, jogam ao peão, ao não-te-errites e até as balizas pequenas com uma bola de borracha já meloa. Só nos pedem algo como uma caneta. Olho para elas e vejo as nossas, olho para os adultos e parece que me vão falar em português. Falam-me em arabe.
Olho para o mar e imagino uma longa ponte a ligar as duas margens, tão longa como o nosso status quo.
Assistimos a muita falta de cidadania. As pessoas queixam-se e solicitam à Câmara Municipal e Juntas de Freguesia que resolvam esses problemas. Hoje vou falar de um, o estacionamento abusivo. Conheço várias ruas onde as pessoas "tracam" as portas dos prédios. Por vezes existem bolsas de estacionamento a 10 metros e as pessoas não querem saber, estacionam mesmo ali. Tanto faz se uma ambulância tiver de estacionar ali para prestar assistência a alguém.

As pessoas solicitam à Câmara Municipal a colocação de pinos ou de pilaretes, mas isso não resolve a questão de fundo, a falta de civismo. Eu aqui sou favorável à punição, à actuação das forças de segurança, vulgarmente chamada de multa. Só indo aos bolsos é que alguns vão começar a respeitar os outros, não por uma questão de consciência mas por uma questão de disponibilidade financeira.

Isto acarreta outros problemas. Se eu for rico estou-me nas tintas se pagar 25€ ou 100€ e por isso vou transgredir que a multa para mim é insignificante. Assim defendo que estas multas sejam proporcionais aos vencimentos, para fazer mossa nos endinheirados e para lhes provar que o dinheiro não é tudo.

Na Baixa da Banheira existem casos caricatos. Próximos de restaurantes e pastelarias fazem-se autênticos atentados à cidadania. Na minha rua, na Bento Gonçalves muitas pessoas quando vão à pastelaria Pão Rei, deixam o carro em 2ª fila trancando quem está bem estacionado. É uma sucessão de buzinadelas e de discussões que leva a que um dia solarengo se transforme num dia aborrecido e com muita "azia". Quantos e quantos minutos não perdi à espera que o Sr. ou a Srª tomasse o seu pequeno-almoço descansado(a), só porque não estacionou 20 ou 30 metros mais abaixo e quis entrar com o veículo dentro do Pão-Rei?

Pilaretes não resolvem a falta de cidadania. A Câmara Municipal também não e a Junta de Freguesia não consegue educar as pessoas. Cabe-nos a nós cumprir e alertar quem não cumpre.
Hoje faço anos, 29 mais precisamente. Estou bem disposto e até curioso com duas ou três situações que tenho vindo a acompanhar na minha freguesia. Na entrada de mais um ano de vida entendo que deva fazer uma reflexão sobre o que se passou no último ano. Vou ocupar o meu tempo livre com essa reflexão hoje. No entanto e para os meus amigos da blogosfera, aqueles que não conheço mas que leio, quero escrever aqui que sempre estarei cá, desde que a disponibilidade o permita. Para os outros, sabem que podem contar sempre comigo.

2006-08-21

Ainda não percebi se isto foi uma rapidinha, uma ejaculação precoce ou apenas um orgasmo fingido.
A respeito de algumas discussões que têm vindo a ocorrer cá para os cantos da blogosfera concelhia:

1- Muitos pensam que a opinião sem rosto é válida, chamam-lhe cidadania. È uma opinião. A minha é que todas têm rosto e não me interessa saber verdadeiramente quem é quem, apenas penso que tomar vantagem disso, ou seja afirmar certo tipo de coisas que não teriam a coragem de fazer cara a cara ao abrigo de um "nome" não é o mais correcto. Um anónimo que apresenta a sua opinião sem devassar vidas tem toda a legitimidade agora, quem ofende não a têm.

2- No nosso concelho mais precisamente na blogosfera cola-se uma personagem a este ou aquele. Este perigoso procedimento é lançado na base do eu fiz porque tenho quase a certeza que aquele fez. Meus amigos quem faz é responsável mas só o é pelo que faz, nem mais nem menos.

3- O meu camarada e amigo João Figueiredo já escreveu por várias vezes que o banheirense não quer disputar espaços com ninguém. O banheirense é um espaço de discussão e como tal deve ser utilizado para isso. Não nos interessa se somos mais visitados, se fulano a ou b considera que dou erros, se beltrano é de direita, mas sim o que o beltrano tem para dizer sobre o que nós colocamos aqui e, se beltrano quiser também colocaremos em post o que ele diz, desde que não ofenda ninguém.

4- Em jeito de conclusão e passados uns bons meses de vida do banheirense, penso que valeu e vale a pena continuar mas, como o João Figueiredo escreveu, o blog é isso mesmo um meio de transmissão de ideias e discussão das mesmas não um fim em si mesmo.

2006-08-19


cartoon de Rui Pimentel, na Visão nº702 de 17 Agosto

Numa esclarecedora entrevista concedida à Visão, Noam Chomsky afirma:

“O principal objectivo é meter o ultimo prego no caixão da Palestina. A última fase é o programa hitkansut (convergência) de Ehud Olmert, destinado a anexar importantes territórios e recursos (em especial água) palestinianos, deixando o remanescente dos cada vez mais diminutos territórios palestinianos como cantões inviáveis, praticamente desligados uns dos outros. Todos estes enclaves vão ficar aprisionados, tal como Gaza está, enquanto Israel ocupa o Vale do Jordão. Existe pouca oposição significativa a estes programas em curso quer na Europa quer na região, para além do Hezzbollah. É por isso que o Hezzbollah tem que ser destruído. Como é parte integral do Líbano, então o Líbano tem que ser destruído, mais uma vez. E a Síria e o Irão têm que ser advertidos que poderão estar a seguir se não obedecerem ao patrão global e ao seu cacique regional.”













Voltemos ao que interessa. Tenho um dilema. Sendo eu comunista tenho conta num banco privado, por vários motivos entre os quais o conhecimento das pessoas no meu balcão. Assim sendo, facilmente se constata que nada tenho contra os bancos, nem contra os privados. O que tenho é contra quem não cumpre e é o caso da Banca em Portugal. Li vários artigos que explicavam como os bancos aumentaram os seus lucros e nenhum falava no que vou falar a seguir.

A banca paga em sede de I.R.C. cerca de 12,5% quando deveria pagar 27,5%. Enquanto que as taxas de I.R.S. sobem as de I.R.C. da Banca descem. Isto explica muita coisa. Lembram-se de como o governo de Santana Lopes caiu. Estava a querer mexer nesta taxa e caiu. Logo apareceu um senhor chamado Jardim Gonçalves a afirmar publicamente que quem se mete com a banca acaba assim. Fica a pergunta, quando é que o P.S. obriga a banca a pagar o que deve? Assim, não se moraliza ninguém e percebemos todos quem está do lado de quem, para além de diminuir o nosso aperto de cinto.

Por último e só para sublinhar, a banca portuguesa arrendonda para o próprio bolso os juros, sem dar qualquer satisfação às pessoas e ao governo. O Estado Americano deve milhões à Reserva Federal Americana (Banco Privado ao contrário do que muita gente julga). Ou seja, o poder finaceiro domina o poder político e não é fácil acabar com isto. Somos reféns no mundo à espera que nos alimentem. No entanto, e apesar de a situação não se conseguir mudar a breve prazo, pelo menos devemos ter consciência dela. Aqui a questão não é partidária, nem tão pouco um ataque a este governo é de informar e de questionar. Se o governo P.S. conseguisse alterar isto, sem dúvida de que eu os louvava, porque estavam a defender realmente os portugueses. Se o próprio Bush revertesse a situação da Reserva Federal Americana, tal como J.F.K. quis fazer eu também o louvava. Esperemos então.
Provavelmente não sou um blogger a sério, e o que é certo é que não faço nenhum esforço para o ser. Gosto deste espaço porque me obriga a escrever, e a escrever sobre o que me interessa. O tema não o condiciono à partida porque o mais certo é escrever com frequência sobre a Baixa da Banheira sem que para isso faça um esforço especial. Interesso-me por esta terra porque gosto dela, gosto de cá viver, e reconheço os seus defeitos na mesma medida em que aprecio as suas virtudes. No entanto, passo cada vez menos tempo por cá, e este blog talvez seja mais uma âncora que me liga a esta terra e a estas gentes.

No entanto, e apesar do interesse que O Banheirense me desperta, um blog não é, nem nunca será, um princípio ou um fim do que quer que seja. Para mim “há vida lá fora” e é lá fora que vivo. Isto não passa de uma janela por onde espreito com o mesmo prazer com que vivo lá fora.

Porque tenho ideais de liberdade e de verdade, não gosto de me refugiar em falsas isenções encapotadas pelo manto do anonimato. Assumo as minhas convicções e nunca se me colocou a hipótese de assinar com outro nome que não o meu. Apenas isto, nada mais, e já não é pouco.

Expostas estas ideias compreenderão que encare com pasmo os insultos com que somos bafejados diariamente, com a intolerância aos que aqui passam apenas para dizer olá como se um cumprimento fosse uma ofensa (e ainda que assim fosse, apenas a nós diria respeito), ou ainda com os concursos de popularidade que alguns teimam em não querer ver que não me interessam. Alimento o meu ego com a satisfação que retiro da escrita que vou produzindo, das ideias que encerra e dos seus efeitos. É coisa pouca, eu sei, mas o meu ego também não é de grande alimento.

2006-08-18

Não sei se ria, se chore.

Um fulano, que se chama a ele próprio ponto verde, escreveu isto no arre macho:

Veja o post de hoje do a-sul (www.a-sul.blogspot.com) e explique como se explica a pouca vergonha que vai para os lados do Seixal...da Moita... e as perseguições e intimidações constantes de que o senhor Madeira, o senhor Cavaco e outros "quejandos" termo que muito gostam, transferem para a blogosfera.

Então eu e o Manuel Madeira que assumimos o que escrevemos, que temos nome cadastrado no arquivo de identificação nacional, perseguimos pessoas na blogosfera. Está bem, o ponto verde, filho de um ecoponto da amarsul e de um forno de co-incineração, que escreve coisas como o Presidente da Câmara do Seixal é corrupto, é honesto e não persegue ninguém. A verdade é que este senhor é um mentiroso, um lançador de boatos, que usa este nome para não assumir aquilo que escreve. O ponto verde é cobarde.




Ponto verde- a última vez que foi visto vestia uma fatiota verde (reparem na sua postura vertical).
A partida de um amigo é sempre um momento doloroso. Hoje foi o funeral de Guilherme, conhecido por Baltazar. Amigo do seu amigo, disponível para trabalhar em prol dos outros. Tinha sempre uma estória para contar. Membro do Partido Comunista Português era da Comissão de Freguesia do Vale da Amoreira aí, participava com elevação e moderação. Para além das suas qualidades humanas excepcionais Baltazar era um especialista em "adoçar" a boca dos outros com os seus cozinhados. Sócio da Sociedade Recreativa da Baixa da Serra fazia com crianças uma iniciativa de trânsito na qual, neste ano, eu participei e testemunhei o seu entusiasmo na construção. Já não está fisicamente connosco, partiu mas, nós não o esqueceremos.
Adeus amigo, até amanhã camarada.

2006-08-17



O filme já é antigo, ouvi dizer que a continuação está para breve. No entanto aqui no concelho vários filmes se preparam para sair enquantos uns já estão a rodar, a saber:

Fui de Férias cá dentro;

Gato escondido, rabo de fora;

Bato-te nas costas mas em casa escrevo uns textos giros;

Sou tão falso que nem confio em mim;

Aguardemos então pelos próximos mas parece-me que já vi este filme.

Marcelo Caetano chegou ao poder em 1968 pela mão de Américo Tomás, mas antes fora Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, Conselheiro de Estado Vitalício, Ministro das Colónias e Ministro da Presidência de Salazar, até ser afastado por este.

A Primavera Marcelista não passou de um engodo, com que hoje mais uma vez nos querem enganar. Marcelo Caetano não era um democrata, não estava nem atrasado nem adiantado no tempo. Marcelo Caetano era um ditador fascista no Portugal dos "brandos custumes", que não acabou nem com prisões políticas, nem com as assassinatos efectuadas pela polícia política, não acabou com a guerra colonial, organizou as ultimas eleições fraudulentas do Estado Novo, e não acabou com a miséria em que o povo vivia.

2006-08-16

"Os israelitas disseram-nos que era uma guerra barata com muitos benefícios. Porquê opormo-nos?"
Após umas breves gargalhadas ao ver uns escritos no nosso vizinho Alhos Vedros ao Poder resolvi voltar à carga com o meu assunto favorito, a co-incineração. Mas neste post não me vou alongar muito e vou repetir uma ou duas coisas que já escrevi no último ano.

1- Qualquer ambientalista ou "homem" preocupado com o ambiente sabe que os resíduos devem ser aproveitados poupando assim o meio ambiente;

2- A não se conseguir o seu aproveitamento ou reaproveitamento, a sua produção deve ser reduzida ao mais possível;

3- Todos nós temos ideia de que os resíduos devem ser tratados na fonte;

E o que é o governo socialista faz, esquece estas permissas. Vou dar um pequeno exemplo, a co-incineração de óleos e solventes é um crime ambiental e um crime económico. Com o aumento do preço do petróleo existem muitas empresas a solicitarem vendas de óleos a muito bom preço, mas o governo socialista prefere queimar este recurso (recurso e não resíduo neste caso). Porque é que o governo socialista não cria Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER)? Se calhar porque quanto mais a cimenteira queimar mais ganha não é? É, mas quem perde são as populações e o ambiente.

Por último e em destaque queria agradecer os mails que tenho recebido relativamente a esta questão e afirmar mais uma vez que a minha abordagem a este assunto apenas está a começar.
Coloquei um post sobre as atribulações do processo de co-incineração. As reacções foram engraçadas:

1º Acusaram-me de transmitir a posição do Partido Comunista Português o que é considero muito elegante uma vez que sou militante e dirigente do P.C.P., afinal a minha opção política é acertada;

2º Não comentaram o assunto e desviaram a atenção para outros problemas, estratégia muito usada em Portugal mas que comigo não funciona porque não é de agora que ando a escrever sobre isto;

3º Brincaram com as palavras do Manuel Madeira quando este referia que o problema da poluição do Tejo não é local, mas sim da própria Bacia Hidrográfica. Aqui reina a falta de conhecimento e a rasteira política;

Mas voltemos à co-incineração:

1- O governo quer fazer co-incineração num Parque Natural;

2- Todos os partidos políticos à excepção do Partido Socialista consideram a situação uma aberração;

3- As associações ambientais são contrárias ao pretendido;

4- É dispensado o estudo de impacto ambiental com base em outro realizado à 3 anos;

5- É dispensada uma avaliação à saúde da população antes, durante e depois do processo;

6- A Comissão Científica Independente é favorável ao processo;

7- A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública considera que a Comissão Científica Independente não teve meios nem tempo para chegar às brilhantes conclusões a que chegou- http://www.co-incineracao.online.pt/ANMSPublica.html ;

Podia continuar mas deixo para outra altura porque vou voltar ao assunto, quer queiram quer não.

2006-08-14

O azar do nosso desporto é termos, de tempos a tempos, uma estrela de grande dimensão. A estrela aparece e ofusca a falta de apoio que este País oferece ao desporto. Não fora o nosso Óbiquoelu e teríamos ficado com a Prata da Naide e o Bronze do João. Como País pequeno que somos, duas medalhitas já é melhor que nada, ainda mais que ainda deu para recordes e tudo. Mas não! O sacana do rapaz que treina em Espanha, nasceu na Nigéria, e que já perto da vintena de anos foi adoptado por Portugal (e ainda bem!) ganha duas medalhitas de Ouro para o Atletismo português, que tão sequioso de resultados brilhantes tem andado nos últimos tempos. Afinal somos os maiores e nem foi preciso muita coisa. E só não foi porque ainda existe quem se dedique ao desporto como se da vida se tratasse, e lá agarraram aquele rapaz que tinha o destino da construção ao lombo e dele fugiu como quem corre para a vitória. Assim já ninguém fala da falta que faz o desporto escolar. Não aquele desporto do futebol de rua, ou do andebol num campo abaulado e basquetebol em tabelas rombas, mas daquele com ginásios, equipamentos, pistas, piscinas e campos a sério. E professores, claro. Não é por acaso que nas modalidades “amadoras” com melhores resultados, como o andebol ou o voleibol, os treinadores juntam o conhecimento da modalidade ao conhecimento académico. No futebol a coisa parece que, lentamente, lá entra pelo mesmo esquema.

No Médio Oriente a situação tem as suas semelhanças. Durante uns tempos fazem-se tréguas ofuscantes, mas nada de muito sólido. Nem que para isso seja necessário assassinar um ou outro governante. O caldo vai ardendo em banho-maria, com uns colonatos aqui, uma estrada acolá mesmo a separar povoações palestinianas, um muro para tentar evitar (inutilmente) as misturas explosivas do outro lado, até que todos se vão esquecendo dos massacres em campos de refugiados, da asfixia económica aos “territórios independentes”, ou dos bombardeamentos e invasões a Países vizinhos. (fotografia de Paolo Pellegrin)

2006-08-12



Não fora este calor insuportável e com alguma probabilidade estaria este fim-de-semana a tentar fazer umas fotografias nas Festas em Honra de Nossa Srª do Rosário.

2006-08-11

Feito o contraditório tenho de argumentar.

Um lamentável desrespeito pela comunidade cientifica portuguesa, que em duas ocasiões, na CCI e no Grupo de Trabalho Médico, e por decisão do Parlamento, foi chamada a dar o seu contributo sobre esta matéria, com acrescidas responsabilidades, enfrentando uma campanha hostil e sistemática de desinformação, numerosas tentativas de descrédito, nalguns casos claramente caluniosas. O mesmo poder político que utilizou a CCI para evitar assumir responsabilidades numa decisão impopular, vem agora, sem qualquer fundamentação credível, desprezar todo o trabalho produzido, tentando afastar os seus autores;- escrito pela CCI (Comissão Científica Independente, não sabemos é de quem é dependente); este ponto é engraçado, os senhores falam em nome de toda a comunidade científica portuguesa, mesmo em nome daqueles que consideram este processo errado. Já no caso dos médicos que dizer do compromisso do governo de avaliar do estado de saúde antes, durante e depois da co-incineração, que agora é esquecido? Boa fé ...

-Significando o desrespeito pela Convenção de Estocolmo, que recomenda que os Estados signatários devem dispor de processo de destruição das moléculas que constituem os Poluentes Orgânicos Persistentes; esta é mais engraçada - Convenção de Estocolmo, Anexo C, Parte 2, alínea b- http://www.co-incineracao.online.pt/Stockholm%20Convention.pdf , que diz exactamente o contrário.

-Violando o Princípio da Precaução, continuando a arriscar a Saúde Pública pela manutenção duma situação perigosa resultante da inexistência duma forma de tratamento adequada para o enorme passivo de RIP espalhados pelo país;- Que eu saiba não fazer os exames para saber qual o estado de saúde da população antes do processo, durante e depois, como o governo quer é que é arriscar a saúde pública. Também foram propostas outras soluções o governo é não ouve ninguém.

Isto é mais sério do que parece, no Norte de Itália e na Grã-Bretanha crianças em redor de locais que praticam a co-incineração têm duas vezes mais problemas realativamente a doenças pulmonares e da tiróide do que as outras que vivem em locais onde a co-incineração não se faz.

Peguei em poucos pontos do documento da CCI, mas pareceu-me o bastante para mostrar que estes senhores ou se têm muito em conta ou têm os outros em muito pouca conta.

Até quarta.
Resultados dos Testes de Co-incineração no Outão

Algumas notas sobre as consequências dos resultados dos testes de Co-incineração no Outão
- Não há emissões acrescidas na co-incineração: os resultados comprovam que o uso de combustível normal origina emissões idênticas às resultantes do tratamento de resíduos industriais perigosos (RIP).
- Os testes decorreram durante 21 dias, sendo tratadas cerca de 1100 toneladas de combustível alternativo contendo até 62% de resíduos. As condições de laboração foram as normais, em que se registaram paragens, necessidade de calibração de componentes do sistema de monitorização, etc. Mesmo nas condições mais desfavoráveis as emissões respeitam a legislação europeia em vigor.
- A co-incineração em cimenteira permite valorizar os resíduos aproveitando a 100% o seu poder calorífico. Face aos limites impostos pelo protocolo de Kyoto e às directivas comunitárias, é de prever uma utilização crescente de resíduos como fonte energética.
- Os resíduos destinados à co-incineração exigem uma caracterização prévia exaustiva. Contrariamente ao que se passa com outras alternativas de fim de linha (por ex. nos processos de precipitação físico-química e inertização).
- O Pesgri (Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Industriais), actualizado em 2000, embora com algumas lacunas, permite traçar um quadro estratégico para os resíduos industriais, desde logo dominado pela necessidade de resolver um enorme passivo ambiental resultante da acumulação de resíduos perigosos em cerca de 1500 locais identificados.
- O conhecimento aprofundado da produção de resíduos só será possível com a implementação dum sistema adequado de tratamento e da obrigatoriedade de encaminhar os RIP para os destinos mais adequados. Enquanto tal sistema não existir apenas será possível fazer estimativas com base em declarações não verificáveis.
- A queima improvisada de resíduos ou a sua deposição sem controlo é a pior das alternativas. Por exemplo, as dioxinas produzidas durante os 21 dias dos testes do Outão, correspondentes ao tratamento de 1100 toneladas de combustível contendo resíduos, são equivalentes às resultantes da queima de cerca de 3 kg de resíduos sólidos urbanos numa fogueira.
- A introdução do processo de co-incineração implicará o respeito por limites mais baixos de emissão para o NOx, SO2 e partículas, para além de implicar um controlo mais regular do funcionamento das unidades industriais.
A proibição da realização dos testes em Souselas e a intenção de acabar com o processo de co-incineração é entendida pela CCI como:
- Desprezo pelo método científico, assente na verificação rigorosa, comprovável e repetível das suas afirmações e conclusões; evitando um teste, a expensas da empresa Cimpor, procurou-se evitar que a evidencia dos factos pusesse em causa preconceitos difusos, sem sustentação;
- Um lamentável desrespeito pela comunidade cientifica portuguesa, que em duas ocasiões, na CCI e no Grupo de Trabalho Médico, e por decisão do Parlamento, foi chamada a dar o seu contributo sobre esta matéria, com acrescidas responsabilidades, enfrentando uma campanha hostil e sistemática de desinformação, numerosas tentativas de descrédito, nalguns casos claramente caluniosas. O mesmo poder político que utilizou a CCI para evitar assumir responsabilidades numa decisão impopular, vem agora, sem qualquer fundamentação credível, desprezar todo o trabalho produzido, tentando afastar os seus autores;
- Constituindo um grave precedente de tomada de decisões importantes para o País e para a Saúde Pública, ao arrepio da racionalidade científica e técnica e com desrespeito pelo rigor que a matéria devia exigir. A componente científica e técnica é cada vez mais indispensável para preparar decisões políticas num mundo altamente dominado pela tecnologia e pela ciência, como é esta transição do século XX para o XXI;
- Constituindo um claro sinal de fraqueza da autoridade do Estado, pois premeia todos quantos tiveram oportunidade de acompanhar todo o processo através da participação em comissões de acompanhamento local e sempre o recusaram, usando como alternativa a desinformação, o boato destinado a lançar o pânico entre as populações e outras formas ilegais de actuação, chegando inclusive ao boicote eleitoral;
- Indiciando a ignorância da directiva comunitária 76/CE/2000, que apresenta a co-incineração com as limitações técnicas devidamente regulamentadas como um instrumento de redução drástica da emissão de poluentes atmosféricos perigosos;
- Desprezando as recomendações explicitas da OCDE, que recomenda que Portugal ponha em pratica a co-incineração;
- Significando o desrespeito pela Convenção de Estocolmo, que recomenda que os Estados signatários devem dispor de processo de destruição das moléculas que constituem os Poluentes Orgânicos Persistentes;
- Violando o Princípio da Precaução, continuando a arriscar a Saúde Pública pela manutenção duma situação perigosa resultante da inexistência duma forma de tratamento adequada para o enorme passivo de RIP espalhados pelo país;
- Contrariando o espírito do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, que face a um pedido de suspensão do processo, como agora o Governo decidiu, em que são invocadas idênticas razões, considerou ".. que, ao invés do que sustenta a requerente, o deferimento do pedido de suspensão por esta formulado implicaria manter a ausência de tratamento adequado de resíduos industriais perigosos e a proliferação de lixeiras e locais contaminado, onde são depositados clandestinamente, o que seria gravemente atentatório da saúde pública. (...)".
A CCI face ao mandato recebido da Assembleia da República vai manter-se em funções, até que o Parlamento decida alterar o actual quadro legislativo.
A CCI tentará informar os senhores deputados e a opinião pública sobre a evolução do processo da co-incineração, não só resultante do trabalho desenvolvido, como da evolução da legislação internacional.

2006-08-08


Imaginem que chegamos a Saturno e que neste planeta existem recursos para garantir a sobrevivência com um nível elevado de conforto a toda a população humana. O que aconteceria?

Cenário a- Todos viviamos em harmonia respeitanto o equilibrio do planeta que nos recebeu e para isso tinhamos consciência que o planeta não era nosso, apenas servia de suporte à comunidade humana. Ninguém possuia nada do anfitrião e todos o respeitavámos.

Cenário b- Uns espertos tratavam de dizer que tudo era deles e que todos nós só tinhamos direito a trabalhar os recursos e devolve-los a estes senhores que faziam o favor de nos explorar. Mais ou menos o que se passa na Terra.

Cenário c- Um misto em que metade do planeta funcionava pelo cenário b e a outra metade pelo cenário a.

Conseguem? Eu não mas, estou certo que existe muito mais gente a imaginar o cenário b e isso é muito preocupante.

2006-08-07

Novamente a co-incineração

Falemos do processo.

1) O regulamento do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida (POPNA) exige a avaliação de impacte ambiental para qualquer nova actividade industrial, sendo a co-incineração uma actividade industrial esta, deve ser precedida da avaliação;

2) A Câmara Municipal de Setúbal deve ser parte integrante do processo de licenciamento das actividades industriais no territóri do concelho de Setúbal pelo que no processo da co-incineração o mesmo deve ocorrer;

3) O governo definiu que iria fazer um rastreio à população (estudos para aferir a "saúde") antes, durante e depois e não quer fazer o antes;

4) Ao preço do petróleo, os óleos a serem queimados são muito menos rentáveis do que se forem reciclados, havendo empresas espanholas interessadas neste processo e que do ponto vista ambiental nem se fala;

5) Mesmo a nível da eliminação de resíduos industriais perigosos os CIRVER (Centros Integrados de Recuperação e Valorização de Resíduos Perigosos) são considerados como uma boa alternativa e com menos riscos;

Depois de recentemente a Comissão Europeia ameaçar o Estado Português com uma queixa no Tribunal de Justiça da CE por o governo desconhecer a quantidade e o tipo de resíduos produzidos em portugal, este governo autoritário, resolve tentar fazer aprovar um processo, sem ouvir as população e as entidades competentes. Afronta o Poder Local Democrático e as Populações de uma forma fascista e castigadora para além de ir contra um documento que assinou, onde defendia a abolição da co-incineração (Convenção de Estocolmo).

As populações da Península de Setúbal devem fazer-se ouvir. Demonstrar indignação com esta total falta de respeito e vergonha.

2006-08-04

Uma verdade Inconviniente

Para quem já viu a IDADE DO GELO (desenhos animados), UMA VERDADE INCONVINIENTE (AN INCONVENIENT TRUTH), bem pode demonstrar que essa ficção mesmo animada, pode estar bastante actual e real, mas desta vez com personagens reais…nós.
Já muito se ouviu e falou sobre o assunto. Ouvimos como o buraco na camada está a alargar e que se os polos derretessem o nível da água subia 80mt, a temperatura subia e haveriam mais fogos, menos ar, enfim coisas que nós só vemos nos filmes ou quando alguém nos diz "isto cada vez faz mais calor" etc, etc…
Al Gore depois de ter perdido as eleicções de 2000 para Bush após uns escassos e duvidosos votos no estado da Flórida. OZONE MAN como apelidou Bush, voltou à carga trazendo ao assunto um documentário. Neste documentário ele fala do que já está a acontecer e como caminhamos para o "suícidio global". Depois de Bush em 2000 o ter acusado de querer colocar os americanos no desemprego com teórias catastrofistas. Al Gore saíu da cena política e dedicou-se à causa que talvez fez com que perdesse as eleicções mas talvez lhe dê as próximas. Durante este longo período andou a juntar dados junto de cientistas sobre o que aconteceu desde então com a camada e como isso prejudicou os americanos e o mundo. Para isso não lhe faltaram armas: a visão da américa perante o mundo devido ao autismo como tratou o tratado de Kyoto (quando até a china assinou), a depêndencia de petróleo (que faz com que a america ande em guerra) e principalmente o Katrina (telhados de vidro).
O documentário (filme), apesar de toda a politiquice que daquí advém, não nos tornemos também autistas.
Ontem, depois de uma conversa com o João Figueiredo sobre arquitectura e áreas/núcleos antigos, pensei um pouco sobre o assunto. O João já o tinha levantado aqui no banheirense, num post abaixo a 3 de Agosto de 2006. Levantam-se duas questões:

Será que podemos considerar um núcleo antigo/histórico (como queiram chamar) na Baixa da Banheira?

Será que os proprietários, técnicos e políticos deste país estão habilitados e interessados em defender o património que foi legado nas gerações anteriores no que respeita a localidades recentes?

Deixo a minha opinião e gostava de ler a vossa.

1ª pergunta- A Baixa da Banheira é uma localidade recente (+- 70 anos) e, na minha opinião, não deve ter ainda um núcleo histórico, deve é ter referências (património) das diferentes fases de evolução da localidade e essas devem ser preservadas com a colaboração de todos. Na Câmara desenvolveu-se um trabalho deste tipo, ainda que seja complicado "manter" os traços nesta vila, exactamente porque é de tenra idade mas, o trabalho já é um começo.

2ª Pergunta- Nem os proprietários, nem os técnicos e políticos tem essa consciência. Mesmo nas faculdades o interesse é bastante reduzido, surge agora. Durante muito tempo o homem aproveitava edifícios antigos para fazer novos (em Alhos Vedros temos muitos exemplos disso, como o Moinho de Maré). A partir do séc. XIX o paradigma muda e a reabilitação e a preservação de monumentos começa a ser exigida, no entanto estas acções esbarravam com o fazer de novo ou enquadrar o novo com o antigo. Só hoje, é que o valor partimonial de simples edifícios de habitação começa a ser discutido. Como o aspecto da janela ou do telhado mas, esbate no núcleo antigo para preservar traços, o que saí desta área não é reconhecido como património histórico e isso eu não concordo. Aqui surge o caso que o João apresenta com aquela casa que nos mostra como já foi a tipologia de construção na Baixa da Banheira, terra recente mas com marcas visíveis de toda a evolução arquitectónica.
Diz a sabedoria popular que "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento".
O Ministro do Ambiente, Nunes Correia, ao dispensar de estudo de impacto ambiental a queima de resíduos perigosos de lamas oleosas, solventes e óleos, usados mostrou mais uma vez que quem manda verdadeiramente na sua pasta é o seu colega da Economia.

2006-08-03



Foi por acaso que passei ontem na Rua Alves Redol. Mesmo em frente às instalações do União, deparei com esta casa que ostentava 3 ou 4 anúncios à sua demolição hoje, dia 3. Comecei de imediato a fotografá-la e logo veio ter comigo um rapaz, para as minhas idades, que ali tinha morado. “A casa já está muito velha”, “Não tem condições” foram duas das afirmações que demonstram a sua concordância para com a demolição.

Encaro esta demolição como mais uma destruição do património da Vila. Não como um castigo divino imposto a partir da sede de concelho, mas primeiramente como falta de consciencialização por parte dos próprios habitantes para a necessidade da preservação deste traço que nos identifica, pela nossa cultura.

Uma construção deste tipo poderia ser facilmente adaptada de modo a, mantendo o aspecto exterior, incorporar todas as comodidades das construções actuais. Em vez de 3 famílias, passaria a ser ocupada por 1, talvez 2, mas custa caro, e um prédio de 2 andares rende muito mais a quem constrói.

Creio não estar enganado se disser que, lamentavelmente, já não existe na Vila da Baixa da Banheira nenhuma rua em que pelo menos uma das casas originais não tenha sido substituída por uma construção mais recente, e normalmente mais alta. É aqui que entra o papel da edilidade municipal, e neste caso por omissão ...

2006-08-02

Vivemos num mundo invadido pelo pânico, "a Sociedade do Medo" que funciona na redução de liberdades e direitos. Mas existe quem se preocupe a sério com isto. Aqui está um bom exemplo relativamente à Climatologia.

http://www.mitos-climaticos.blogspot.com/

2006-08-01

Começou hoje mais uma hipocrisia da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa. Durante 11 meses, os habitantes da Margem Sul que vão trabalhar para Lisboa, pagam portagem à entrada da Ponte 25 de Abril. Durante o mês de Agosto, os Lisboetas podem frequentar as praias da Costa da Azul sem pagar portagem.

foto retirada de www.globosapiens.net
Se a memória não me atraiçoa, esta não é uma ideia nova no nosso município. Mas como a qualidade não se mede exclusivamente pela originalidade, aqui fica também:

Não será possível colocar nos jardins uma placa com os nomes (comum e científico) junto às respectivas árvores?

Quando era miúdo e ia brincar para o que restava da Quinta do Petinga, lembro-me que ainda alí resistiam umas oliveiras e umas figueiras, para os lados da Fonte das Ratas existiam pinheiros e sobreiros, e de eucaliptos lembro-me de uns na Quinta do Facho e de um pequeno eucaliptal junto à Estrada da Amizade, onde hoje termina a Rua Cidade de Pinhel. Hoje em dia, tirando as laranjeiras do Jardim das Laranjeiras (onde suspeito também existirem uns loureiros), uma ou outra palmeira do Parque, e um jacarandá que me mostraram num destes dias, não conheço o nome das árvores. É certo que também não conheço o nome dos pássaros, mas gostava de saber, apenas por curiosidade, e as arvores dão menos trabalho observar. É que são muito menos fugidias...