2006-04-11

Sebastião Salgado foi mais um dos grandes fotojornalistas que esteve em Portugal em 1974. Então em início de carreira, fotografou militares e povo em manifestações, cooperativas no Alentejo, e mais algumas imagens que normalmente associamos ao período revolucionário. Mas a imagem que destaco, provavelmente feita num período já posterior, aborda uma temática que viria anos mais tarde a resultar num dos seus mais brilhantes trabalhos. Êxodos documenta os fluxos humanos que durante os anos 90 marcaram uma grande parte do mundo.

Os Retornados, nome com que designamos todos os que após a revolução abandonaram as agora ex-Colónias, mesmo àqueles cujas famílias viveram em África durante várias gerações, ou ainda aos que nunca tiveram nada a ver com este pedaço de território europeu, chegaram com o seu modo de falar e os seus hábitos enriquecendo a nossa cultura, espalhado-se pelo país voltado às suas terras de origem ou ficando pelas periferias de Lisboa. Na Baixa da Banheira, o Vale da Amoreira foi por esses dias um depositário das suas angustias, porque arrancar alguém de uma casa que consideram sua deixa sempre marcas. Alguns voltaram apenas com a roupa no corpo, outros nem por isso, mas o que o governo fascista não fez, provocando uma guerra injusta, e que muito consciencializou o povo português para a necessidade de uma revolução, era uma urgência a que o Movimento das Forças Armadas respondeu de imediato, iniciando o processo de descolonização que outras potências coloniais europeias tinham feito nas décadas anteriores.

3 comentários:

Anónimo disse...

...a enorme dificuldade que Portugal teve em admitir os seus cidadãos no nosso país, justifica as peocupações que o repatriamento de Portugueses do Canadá...

Anónimo disse...

Porque hão-de os HOMENS viver divididos?
Se todos, sem excepção, somos originários e sobreviventes neste ponto (a Terra) de dimensão atómica para o universo, mas astronómica para a humanidade?

Se vermos uma fotografia do "planeta azul" constatamos, com toda a legitimidade, que se trata de uma enorme "bola" sem países nem fronteiras.
As fronteiras foram criadas a régua e esquadro. São virtuais e só existem na cabeça dos HOMENS.

A quem as fronteiras interessam?

joao figueiredo disse...

como será que o Zeferino explica o facto de a junta de freguesia do Vale da Amoreira ser CDU?