"O ouro branco"
Honório Novo no "Jornal de Notícias"
Sábado, 19 Fevereiro 2005
É uma árvore das patacas o novo negócio a que querem aceder os grandes grupos económicos. Falo do negócio da água – o ouro branco – mais propriamente do negócio da privatização de serviços municipais de águas e saneamento.
Têm-se sucedido decisões municipais de privatizar a gestão deste bem essencial à vida que é a água (e por arrastamento dos serviços de desembaraçamento e tratamento de esgotos). Gestões socialistas (ditas) e do PSD e restante Direita têm-se acotovelado para ver quem se notabiliza mais na tarefa de “prestar serviço” aos grupos privados que não querem deixar de meter a mão nos imensos lucros que este negócio vai colocar “no mercado” no século XXI.
O maior descaramento destes responsáveis municipais socialistas (ditos) e da Direita tem, contudo, a ver com o pretexto que invocam para transferir este serviço público para os grupos privados. Andam há décadas (alguns deles) sem resolver os problemas da água e dos esgotos, sempre a jurar a “pés juntos” que eram essas as respectivas prioridades. Agora, desculpam-se com o ter de se fazer o que eram obrigados a fazer (mas sempre adiaram) para endossar a responsabilidade a grupos privados… Só que estes não são a Santa Casa da Misericórdia e querem ganhar bom dinheiro o que só é possível à custa da subida dos preços e/ou com a degradação da qualidade do serviço. Como é, por exemplo, possível explicar (do ponto de vista do serviço público, claro) que haja populações de concelhos contíguos que irão pagar à mesma empresa e pelo mesmo serviço mais 320 escudos que outras? Que justiça é esta?
Como é bom de ver, estas razões são meros pretextos. O que motiva socialistas (ditos) e Direita é o bloco central de interesses, é o neoliberalismo mais brutal a ditar a sua lei, a construir um pantanal onde se unem políticas que importa destruir mais cedo do que tarde.
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