2007-03-21

Se é verdade que conheço quem, dentro de um espírito cristão, se dedique a fazer caridade com toda a dedicação e honestidade possíveis, a verdade é que histórias como estas repetem-se desde sempre. Guardo bem na memória, uma velha tia minha que era modista em casas de famílias abastadas de Lisboa, e que por vezes, em determinada casa, lá lhe era pedido para “dar um jeitinho” numas roupas que vinham das sessões de “caridadezinha”, roupas essas que seriam posteriormente desviadas de quem delas realmente necessitava e de quem delas bondosamente se tinha desfeito.

A necessidade da Caridade só existe porque o Estado (não só o nosso, mas é da nossa casa que falo) se demite das suas obrigações, porque não assume que a economia existe para servir o Homem, e não o contrário. Como cantou Sérgio Godinho:

“Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir”

Que me importa que o défice esteja muito mais reduzido, se foi apenas à custa de quem necessita de um Estado Social, ou dos ordenados dos trabalhadores da Função Pública, enquanto, por exemplo, os lucros da banca continuaram a aumentar, e quase sem impostos? Que me importa se o défice baixou, se simultaneamente a pobreza alastra, inclusive entre os trabalhadores? As contas certinhas no Estado e pobreza no povo foram receitas que este País viu durante tempo demais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo totalmente com os termos da arengada sobre o Estado, mas a verdade é que todos os dias capitulamos um pouco mais, até esse pouco diário se transformar em muito. Simplesmente vivemos em função do dinheiro, até que a totalidade das relações humanas seja mensurável monetariamente...

PintoRibeiro disse...

Não, não chega, mas percebo. Boa noite, abraço,