2007-02-24

Carta aberta ao Zé Bastos

Camarada,

Tomo a liberdade de te tratar por tu, tal como tens tomado a liberdade de me inundar o e-mail com propaganda mal feita sem que eu te autorizasse a tal. Venho pela presente missiva rebater os argumentos que tens utilizado; faço-o enquanto socialista com consciência crítica, a título única e exclusivamente pessoal. Na carta aberta ao Camarada Vitor Ramalho, fizeste questão de relembrar que o candidato a Presidente da Federação de Setúbal do nosso partido (pelo menos, do meu) foi indicado para a lista de candidatos a deputados pela "cota nacional" - logo, sem o aval dos militantes do Distrito, já que o seu nome não passou pelo crivo da Comissão Política Federativa. Dizes, também, e com indisfarçável orgulho, que no Montijo tens um vereador com 30 anos. Fico feliz por isso, até porque tenho a honra de o conhecer pessoalmente, e sei que tem capacidade para isso e muito mais. E é precisamente por isso que não consigo perceber como é possível que defendas simultaneamente a renovação do partido e a inclusão no meu Camarada Renato Gonçalves na lista de vereadores e em lugar elegível, e a lista de deputados que passou pelo crivo da CPD. Possivelmente já não te recordas - a idade tem destas coisas -, mas essa mesma CPD incluiu a Sandra Marisa Costa em 6º lugar (por sugestão da Presidente da Federação), e uma senhora chamada Maria Manuel Oliveira em 11º - Sendo o Renato Gonçalves o 12º elemento dessa mesma lista de candidatos... Acreditas, muito sinceramente, que tanto a Sandra Marisa Costa como a Maria Manuel Oliveira tenham o aval dos militantes? E o que dizer de ti próprio, que te "renovas" ao leme da concelhia do Montijo há trinta anos? Haja decoro! Nos documentos por ti assinados e que transcrevi neste blog, referes com insistência que os apoiantes do Camarada Vitor Ramalho são aqueles que assumiram, após as eleições legislativas de 2005, cargos na Administração Pública; mais: que os que estão agora com o Vitor Ramalho estiveram em tempos com a Camarada Amélia Antunes. Por outro lado, nada dizes sobre os que estiveram, nas últimas eleições federativas, com o Alberto Antunes, e agora apoiam incondicionalmente a tua candidata. Não estranhas que alguém como Catarino Costa, o maior baluarte da arte do compadrio, venha agora expressar o seu apoio a uma candidata que nunca foi a sua? Não vislumbras nesta atitude um lavar da honra, um pagamento pela eleição da filha como deputada? Dizes que a Amélia apoia o nosso Secretário Geral. É o que lhe compete, na qualidade de Presidente da Federação de Setúbal. Sabes, é que no meu Partido Socialista, apesar de todas as divergências que possam existir antes das eleições internas, após as mesmas TODOS OS MILITANTES se unem em torno do líder. É isso que faz o nosso Partido forte. Dizes também que a Amélia usa o seu carro particular nas deslocações que faz e que não são ao serviço da Câmara Municipal do Montijo. Demonstra bom senso, e correcta utilização do que é propriedade de todos nós, contribuintes. Mas, mais uma vez, mais não faz do que lhe é exigível - para não dizer que cumpre a lei. As boas práticas que exaltas na CMM, são as práticas pelas quais qualquer autarca socialista que se preze se deve reger. Em treze Concelhos deste Distrito, apenas três têm Presidentes eleitos pelas listas do meu Partido; desses, dois são independentes (um dos quais, Carlos Beato, foi mandatário distrital da campanha presidencial de Cavaco Silva). Em resumo, em 2005 perdemos Sesimbra, Barreiro, e Alcochete - as duas últimas conquistadas em 2001. Se, nalguns casos, toda a responsabilidade deve ser imputada ao candidato derrotado (como em Setúbal - só um louco escolheria Catarino Costa para Presidente da CMS), noutros a Federação não deu o apoio necessário à obtenção de um melhor resultado. Presumo, claro, que saibas que uma das funções de uma Federação do Partido Socialista é apoiar as candidaturas e campanhas autárquicas. E que o Partido ficou mais do que fragilizado no Distrito, com estes resultados.Já em Fevereiro de 2005, o resultado do Partido Socialista no Distrito foi pouco mais que miserável. Nas primeiras eleições em que obtivemos uma maioria absoluta, Setúbal elegeu tantos deputados como em 2002, quando perdemos as legislativas para a direita. A quem assacar responsabilidades, senão à Presidente da Federação? Em Fevereiro de 2005 participei nalgumas acções de campanha (aquelas que a minha vida profissional me permitiu). Em todas elas vi o Vitor Ramalho, o Eduardo Cabrita, a Teresa Dinis, o Renato Gonçalves, o Luís Gonelha, a Catarina Marcelino. Em nenhuma te vi a ti, nem à Maria Amélia Antunes. Acredito que é nos momentos de luta que devemos dar a cara. Eles estiveram lá, tu nem por isso. Sim, eles eram os candidatos. Mas TU e a Maria Amélia Antunes são dirigentes de estrutura, e a melhor forma de demonstrar solidariedade e apoio é na rua, e não em e-mails patéticos como os que escreves. Dizes ainda que a Maria Amélia Antunes é a única mulher Presidente de Federação no país. Não te admito que uses esse facto como argumento para que qualquer militante vote nela. Ser mulher não a torna nem mais nem menos competente; significa apenas que não pode usar um urinol.

Cordiais Saudações Socialistas,Pursennide

Fonte: http://apurga.blogspot.com/2006_04_09_apurga_archive.html

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