2007-02-14

Entre as coisas que o meu avô deixou encontram-se alguns negativos com reproduções de fotografias que viria a utilizar no seu livro "A Baixa da Banheira Até aos Nossos Dias". Sobre o abastecimento de água à Baixa da Banheira, vem assim relatado:

Ti Bentinho, o seu filho Gabriel e o burro "Batista"

A água constituiu, até determinada altura um dos mais graves problemas locais não pela qualtidade, pois bastaria abrir um poço com seis metros ou menos, para que ela aparecesse em abundância, mas sim pela qualidade.

De princípio, embora não muito saborosa talvez devido à proximidade do Estuário de Tejo, bebia-se perfeitamente mas, em virtude das fossas e das infiltração das águas estagnadas que corriam em regueiras pelas ruas enlameadas e fétidas, cedo se tornou perigosa para a saúde.

É oportuno recordar um entrevista, publicada em 15 de Setembro de 1958 no «Jornal do Barreiro» concedida ao seu correspondente local pelo dr. Alcino Furtado Fragoso, médico que então aqui um consultório. Na altura tinha-se declarado na vila alentejana de Aljustrel um surto de febre tifóide cujo motivo fora a injestão de águas inquinadas.

Abordado sobre este caso o dr. Fragoso foi da opinião de que as condições higiénicas da Baixa da Banheira eram mais do que suficientes para que tal epidemia se declarasse aqui também, não só devido às águas dos poços como até através das moscas que proliferavam nas estrumeiras e na lama pútrida que poderiam contaminar géneros alimentícios.

A entrevista teria assustado a maioria da população desta localidade que passou a ir buscar água para beber a um fontenário da vizinha vila do Lavradio ou à Quinta da Várzea onde alguns dos seus inquilinos a vendiam, e como nem toda a gente tinha tempo para andar a acarretar água para casa, mormente aqueles que moravam mais distantes da extrema com o Lavradio, comprávam-na à porta a indivíduos que, como é natural, se dedicaram a este negócio.

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