O discurso de Ano Novo do Sr. Presidente não trouxe de novo, sendo mais uma vez repleto daquelas generalidades que ficam sempre bem apontar mas que, curiosamente, às quais não soube dar resposta devida enquanto chefiou o Governo. Diz Miguel Sousa Tavares no Expresso que “teve responsabilidade Portugal inteiro e os governos de Cavaco Silva e António Guterres (com o seu brilhante ministro Pina Moura, adorado pelos empresários). Guterres teve a responsabilidade de ter ignorado as campainhas de alarme que, a partir do final dos anos noventa eram impossíveis de não escutar, e ter continuado a apostar numa lógica de “desenvolvimento” que assentava por inteiro nos gastos antieconómicos do Estado. Cavaco teve a responsabilidade de ter desperdiçado uma oportunidade única para reformar o Estado, quando tinha tudo a seu favor. Para quem já esqueceu, recomendo a leitura de um livro que ele editou em 1995 («pro memoriam», justamente), logo depois de ter saído do governo. Chama-se ‘As reformas da década’, e ao relembrar o elenco das treze “reformas estruturantes”, que ele proclamava “estarem feitas”, não sei o que mais impressiona: se aquelas de que nem fala, porque, apesar da sua urgência, nem ousou esboçar - como a da Justiça ou a do Estado e da Administração Pública - se aquelas que diz ter feito e que, dez anos depois, continuamos à espera que sejam levadas a cabo - a reforma fiscal, a do ensino, a da ‘flexibilização do mercado de trabalho’, a da Segurança Social, ou a do ‘sistema salarial da Função Pública’.”
Hoje tudo isto é passado, e o presente é feito por uma dupla siamesa Sócrates/Cavaco que segue o mesmo caminho já trilhado nas últimas décadas de diminuição das funções do estado, desta vez com o álibi do défice, e mais uma vez servido a crise como pretexto para a diminuição do preço do trabalho e da sua regulação. Os resultados já se reflectem não só nas classes de rendimentos mais baixos, como também na classe média, engordando uma classe alta que gasta por si e pelos outros. Como bem caracterizou o Sr. Presidente nas comemorações do 25 de Abril, "o nosso País é, no quadro da União Europeia, o que apresenta maior desigualdade de distribuição de rendimentos. E é também aquele em que as formas de pobreza são mais persistentes. São características estruturais em que pesam o atraso na qualificação dos recursos humanos, a fragilidade das nossas classes médias, a má qualidade do emprego e os baixos níveis salariais em vastos sectores da nossa economia."
Por isto, e que já não é pouco, mas não só, não espero que 2007 seja particularmente diferente de 2006. Para mal de todos nós.
Hoje tudo isto é passado, e o presente é feito por uma dupla siamesa Sócrates/Cavaco que segue o mesmo caminho já trilhado nas últimas décadas de diminuição das funções do estado, desta vez com o álibi do défice, e mais uma vez servido a crise como pretexto para a diminuição do preço do trabalho e da sua regulação. Os resultados já se reflectem não só nas classes de rendimentos mais baixos, como também na classe média, engordando uma classe alta que gasta por si e pelos outros. Como bem caracterizou o Sr. Presidente nas comemorações do 25 de Abril, "o nosso País é, no quadro da União Europeia, o que apresenta maior desigualdade de distribuição de rendimentos. E é também aquele em que as formas de pobreza são mais persistentes. São características estruturais em que pesam o atraso na qualificação dos recursos humanos, a fragilidade das nossas classes médias, a má qualidade do emprego e os baixos níveis salariais em vastos sectores da nossa economia."
Por isto, e que já não é pouco, mas não só, não espero que 2007 seja particularmente diferente de 2006. Para mal de todos nós.
1 comentário:
Tipico dum falso e corta-fitas, o mais engraçado é que ele não conhecia as dificuldades dos portugueses, que presidente tão desatento.
Enviar um comentário